Quando eu me apresento a alguém, pouco me importa que seja branco, negro ou amarelo, capitalista, comunista. Cristão, ateu, judeu, muçulmano, hindu ou budista. Pobre, rico. Pra mim me basta e me sobra com que seja um ser humano, pior coisa não poderia ser.
- Mark Twain
Tigresa - Caetano Veloso
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As garras da felina me marcaram o coração Mas as besteiras de menina que ela disse não E eu corri pra o violão num lamento E a manhã nasceu azul Como é bom poder tocar um instrumento
tudo dito, nada feito, fito e deito
- Paulo Leminski
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco, onde as formas e as nações não encerram nenhum exemplo. Praticas laboriosamente os gestos universais, sentes calor e frio, falta dinheiro, fome e desejo sexual. Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas, e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção. À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas. Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer. Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras. Caminhas entre mortos e com eles conversas sobre coisas do tempo futuro e negócio do espírito. A literatura estragou tuas melhores horas de amor. Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear. Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota e adiar para outro século a felicidade coletiva. Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
Hair, hair, hair, hair, hair, hair, hair. Flow it, show it, long as God can grow it, my hair.