Daphne continuou olhando para a amiga, observando como ela parecia absorta em sua pesquisa entre as páginas dos livros. Não a queria perturbar, mas não a via desde o fechamento da fenda e queria saber como ela estava. Claro, suspeitava que estaria ocupada em procurar tudo o que houvesse sobre aqueles anos e memórias perdidas, mas não achava que estaria em um nível tão intenso. "Desculpe, não a queria distrair." Murmurou, talvez aquela não fosse a melhor altura para procurar a companhia da filha de Atena, não quando ela parecia tão dedicada à sua causa. "Nem uma pequena menção? Nada?" Perguntou se aproximando da mesa, os olhos percorrendo os vários livros abertos. Todos pareciam preocupados e atarefados naquela busca incessante. "E-eu posso voltar mais tarde se preferir..."
Charlie não havia tirado os olhos dos livros desde a revelação sobre os anos que haviam sido apagados da memória do Acampamento. O cômodo principal do Chalé 6 havia se transformado em um anexo da biblioteca; livros e registros espalhados pela mesa, os filhos da deusa da sabedoria sendo orientados pelos irmãos estrategistas e pela conselheira em relação ao que procurar, como procurar. Não haveria folga naquele chalé até encontrarem algo que fizesse sentido. Suspirou com a pergunta de Daphne e só então parou completamente o que fazia para olhar para ela, afastando uma mecha cor-de-rosa dos olhos e a prendendo atrás da orelha. "Registros do Acampamento dos anos perdidos, qualquer coisa que nos dê um norte em relação ao que realmente aconteceu. Mas é em vão", confessou frustrada e exausta. "Não importa o quanto eu procure, não encontro nada."
Ao ouvir o aviso da amiga, Daphne levantou as mãos como que em rendição. "Não vai ouvir nada da minha boca, já deveria saber isso." Apontou de forma justificativa. Claro, a loira era competitiva, estava no seu sangue, mas não era de se vangloriar nem nada parecido, por norma, guardava suas vitórias para si, não precisava de esfregar na cara de ninguém, e nestes jogos não era diferente. Além de que, gostava de pensar ser boa acompanhante, gostava de ver os amigos ganhar. Olhando para o medidor, levantou as sobrancelhas com o resultado, a verdade é que não tinha sido nada mau, especialmente para alguém que tinha avisado não ter assim tanta força. "Hey, acredite que teve quem tivesse resultados bem piores, não foi mau de todo." Sorriu para a amiga, pegando agora ela no martelo. Era apenas um brinquedo idiota para se divertirem, mas seu espírito competitivo queria ver seu nome no mostrador juntamente com os outros filhos de Ares. "Kitty, se não chegar a tocar no sino, você não conta para ninguém e negamos que alguma vez estivemos aqui." Brincou com a semideus. As duas mãos seguravam no martelo antes de o erguer e tentou acertar com força na balança. Viu o coração subir e ficar a meros centímetros do sino, fazendo a loira suspirar. "Acho que posso tentar uma segunda..."
Kitty estava animada, tanto que não parava de sorrir para Daphne. Estava aproveitando aqueles brinquedos, divertindo-se da forma como raramente fazia no acampamento. Ela não esperava ganhar tudo; queria apenas tentar. Aquele brinquedo, especialmente, sabia ser impossível. Ganhar na força? Precisava admitir que era um tanto fracote. Ganhar de uma filha de Ares? Altamente improvável. Ainda assim segurou o martelo, sorridente e se voltou para Daphne. "Promete não rir da minha pontuação? Lembre-se que o mais importante aqui é a diversão!" Tentava colocar na cabeça da loira, voltando-se novamente para o coração e erguendo os braços com o martelo, acertando-o com toda a força que possuía... que não era muita. O coração subiu até o meio do medidor. Melhor do que Kitty esperava. E logo abaixou-se novamente, mais rápido do que tinha subido. "Um desastre, mas está tudo bem. Força não é uma das minhas habilidades e sou apenas uma filha de Hades... agora, Daphne, venha e orgulhe o seu chalé." Brincou, passando o martelo para ela.
“If you’re so sure it’s not haunted, why don’t you go over there and ring a doorbell?”
It Takes Two (1995) dir. Andy Tennant
"Sinceramente? Só quero que todos se fodam. Se não conseguem nos ajudar em nada, nem pelo menos aqueles que caíram na fenda, que nos dessem alguma explicação, era o mínimo. Por isso, quero é que se fodam todos." Tinha dito a si mesmo que iria se conter, sim, e que o melhor era guardar tudo para si mesma, mas não conseguia, por mais que tentasse. Além disso, nem conseguiam comunicar com eles, quando tentavam, o que recebiam era silêncio por isso, que ousassem a amaldiçoar. A fúria que sentia naquele momento, apenas ela conseguia expressar, especialmente depois daquela transmissão idiota de Hefesto. Claro, queria saber tudo o que estava acontecendo com os campistas, ainda mais sabendo que Brooklyn e Arthur estavam entre eles, ou pelo menos era o que esperava que se mantivessem, mas naquele formato? Dispensava. Passando as mãos pelos cabelos de forma a se acalmar um pouco, suspirou baixinho ao ouvi-lo, era estranho ela não querer ser ignorada pelos monstros quando outros tinham sido atacados? "Se machucou muito?" Perguntou, os olhos percorrendo o semideus. "Sim, é impossível estar completamente bem, para variar."
Ele assentiu quando ouviu a fala alheia, já que não estava com vontade de ganhar uma nova maldição, preferia ficar calado sobre os deuses, ainda que sua vontade fosse de xingar todos eles. " fique a vontade. " confirmou que estaria ali para ouvir todos os xingamentos e contribuir com alguns, porém, sobressaltou-se ao ouvir o que ela disse. " queria ter sido um dos semideuses ignorados. " infelizmente, ele tinha corrido para ajudar seus amigos e com isso vítima dos monstros, mas não havia nenhum machucado visível. " estou bem, na medida do possível, depois de tudo que aconteceu, não tem como estar cem por cento. "
Daphne tinha guiado vários semideuses para fora do pavilhão, e passado grande parte da noite lutando com aqueles ursos de pelúcia idiotas de modo a comprar um pouco mais de tempo para que os outros semideuses conseguissem escapar. Se isso fazia dela a melhor pessoa do mundo? Não, mas sabia que uma pessoa realmente má, sequer se tinha preocupado com os outros ali também encurralados. Podia muito bem apenas ter fugido para seu chalé, se resguardando na segurança que o mesmo parecia oferecer, mas não o fez, sequer conseguia. Mas Maeve também esteve ali ajudando, por isso sim, naquele momento, a considerava uma boa pessoa, embora a resposta que ouvira trouxesse algum desagrado para Daphne. "Está querendo dizer alguma coisa? Ou talvez de me chamar de ingênua?" A filha de Ares perguntou com uma das sobrancelhas arqueadas. Se considerava o contrário, por norma tinha alguma dificuldade em confiar nas outras pessoas, mas naquele momento? Qualquer ajuda tinha sido bem-vinda. "Seria uma má pessoa de muitas outras maneiras. Mas eu também estava apenas tentando ser simpática, nesse momento sensível." E ali sua simpatia e paciência parecia se esvair, e naquele momento sua raiva parecia mais volátil que o normal. "Não fez mais que sua obrigação em trazer semideuses mais feridos que você para a enfermaria, mas acredite que muitos não o teriam feito. Mas pense o que for que a faça dormir bem de noite, boa pessoa ou não."
A FILHA DE HIPNOS ERA MAGRA E PEQUENA - mas enganosamente forte. foi como conseguiu ajudar a quebrar as janelas, e liderar alguns dos semideuses por lá, o tempo todo tampando o nariz e semicerrando os olhos contra a fumaça. quando finalmente escaparam todos, estava com pedaços de vidro preso as mãos elegantes, os dedos - que podiam ter sido de pianista se ela tivesse tirado tempo para aprender algo que prestasse - , agora sangravam, mas foram deixados desta forma ; os curandeiros não tinham tempo de cuidar de seus delicados dígitos no meio de tanto caos - tanta dor. portanto, depois de deitar o último meio sangue que guiou em uma maca, se retraiu para um canto, achando ela mesma algumas bandagens, e começando a cuidar do ferimento ; nem sequer registrando que na perna, havia uma queimadura querendo fazer bolhas.
eis o problema com o rescaldo da tragédia - ele faz com que pense. no momento onde sobrevivência é a única música tocando, ficamos no automático, buscando qualquer meio para apenas ficar vivos ; mas então - damos boa noite aos gritos, e entram os sussurros. os barulhos de todos os lados que falam da perda : ' ah ele era tão jovem ' , ' ah vamos sentir sua falta ' , ' ah morreu como um herói ' - o que maeve pensava ? morreu como um tolo. morreu para satisfazer a vontade dos deuses que não lutavam suas próprias batalhas. morreu - como o filho de apolo tinha morrido - em dor , por razão alguma. os deuses iriam pedir perdão ? iriam se ajoelhar e dizer preces por sua alma ? iriam sequer - lembrar quem ele foi ? tolos, todos eles em busca de glória.
❛ seu patamar 'pra boas pessoas é bem baixo. ❜ disse sem a encarar, focando nas mãos para ignorar o fato que alguém tinha ouvido seu pequeno deslizar da língua. ❛ seria uma má pessoa apenas se tivesse escalado nas costas deles 'pra escapar ? ❜ sibilou quando removeu mais um pedaço de vidro, e então engoliu em seco, antes de concluir : ❛ pessoas ruins nem sempre fazem coisas ruins. ❜
Mais uma vez, e sem qualquer tipo de surpresa para ninguém, Daphne estava em seu sítio preferido de todo o acampamento, na arena. Não havia lugar em que se sentisse tão bem como ali. Tinha consigo um caderninho com toda uma planilha de treino que fazia todas as semanas, e a loira seguia com um rigor quase cirúrgico. Olhando para o horário, hoje treinaria a luta corpo a corpo, esta semana já tinha treinado com diversas armas, e hoje precisava de ir até a um dos sacos de pancada. Além de ser um dos seus treinos favoritos, era instrutora de combate corpo a corpo por isso, levava esse exercício mais a sério. Estava completamente focada quando ouviu a voz familiar de Brooklyn, a fazendo parar, os braços segurando no saco para o fazer parar de balançar e o centrar de novo. "Ah oi..." Murmurou, não percebia porque sempre ficava tão atrapalhada com o rapaz por perto. "Extravazar emoções? Ah sim..." Disse com um pequeno sorriso. "Embora eu estivesse apenas treinando, mas posso sim, mas tenho a certeza que não é nada que não saiba fazer." Apontou para o saco, dando um passo para o lado para que o filho de Dionísio assumisse o lugar. "Uma coisa que aprendeu recentemente? Me deixou curiosa."
🍷 starter with @wrxthbornx
¸ arena.
⭑🍇ʿ não foi por acaso que entrou na arena naquele dia. estava evitando o local por causa da última descoberta sobre sua mãe, sequer conseguiu se despedir e apenas recebeu uma urna com as cinzas de elian dias atrás. queria gastar um pouco de energia batendo em alguma coisa como uma pessoa normal faria, a dança não parecia ter brilho mais aos seus olhos desde que dionísio o encontrou na praia e deu-lhe a fatídica notícia. estava escondendo dos irmãos e dos amigos a informação, tornou-se um pouco mais recluso e apenas o álcool conseguia aplacar um pouco a dor. mas de volta a arena, tinha entrado ali porque viu os cabelos loiros de daphne mais cedo, a figura minúscula indo para o local e embora não pôde largar a atividade que fazia com a irmãzinha na hora, deu sorte de conseguir ainda chegar ali e encontrar a filha de ares. quando pousou os olhos na semideusa, pela primeira vez em dias, brooklyn sorriu. “ ━━━ é assim que os filhos de ares extravasam as emoções? será que você conseguiria me mostrar como fazer isso?" questionou, fazendo um sinal com a cabeça para um dos sacos de pancada. “ ━━━ você me ensina uma rodada e então eu te mostro uma coisa que aprendi a fazer recentemente, o que acha?"
A angústia que havia sentido durante aquele ataque era difícil de explicar. Daphne podia ter inúmeros defeitos, mas era preocupada com cada um dos semideuses daquele acampamento, especialmente seus amigos, e por isso, não saber como eles estavam ou onde estavam durante o ataque era extremamente preocupante. No rescaldo do acontecimento também sequer teve tempo de os localizar a todos, afinal, tinha ficado a ajudar a levar semideuses feridos para a enfermaria, mas sem nunca deixar de checar se havia ali no local alguma cara amigável. Por isso, foi um alívio quando não viu nenhum dos campistas mais próximos nas mãos dos filhos de Apolo, mas isso não implicava que todos estivessem bem. "Parece que não temos um dia de sossego." Murmurou com um pequeno suspiro. Olhando para a porta fechada, deu levemente de ombros. "Podemos caminhar, acho que nos vai fazer bem apanhar um pouco de ar. Até porque você já fez questão de fechar a porta." Apontou de modo provocador antes de sorrir. "Você não se feriu, pois não?"
Daphne foi alguém que esteve na vida de Yas desde... Bom, desde sempre. De alguma maneira elas sempre se entenderam e até mesmo sem precisar se comunicar todos os dias, era uma amizade extremamente legal para si. No entanto tanta coisa havia acontecido nos últimos dias que foi difícil manter o contato e se por um lado precisava conversar com a amiga, por outro lhe faltou o tempo para executar aquela vontade. Por isso quando viu a amiga na porta do chalé após seu irmão mais novo atender a porta, ela correu para atender a amiga. ❝ ― Pois é. Uma coisa atrás da outra ainda. ❞ — Ela resmungou conforme saia do chalé e fechava a porta atrás de si. ❝ ― Prefere entrar ou quer sair por ai? ❞ — Questionou ao apontar com o polegar para a porta. ❝ ― Acho que temos muito o que conversar sobre o que tem rolado por aqui. ❞
Jardinagem e botânica era algo que Daphne não dominava, de todo. E na verdade, nunca se tinha mostrado muito interessada nessa matéria, mas os jardins de Circe lhe tinham despertado alguma curiosidade, e tinha que admitir, o local era maravilhoso. A diversidade de flores e plantas era algo que ela nunca tinha visto igual em sua vida inteira, e era de uma beleza inigualável. Ao ver os cabelos conhecidos de Mary, se aproximou, sorrindo com o comentário alheio. "No fundo tem uma voz me dizendo para as desafiar, ver se consigo me afastar ou retaliar antes de elas me atacarem." Não sabia muito bem como funcionava aquele tipo de encantamento, por isso não iria experimentar, por agora.
@wrxthbornx
Mary adorava flores, e sempre sentiu uma pontinha de inveja dos filhos de Perséfone pela facilidade com que manipulavam a natureza. Como filha de Zeus, não tinha esses dons, então precisou trabalhar duro para entender o básico de jardinagem. Essa dedicação fez com que visitar os jardins da ilha de Circe fosse um dos itens principais na sua lista de coisas a fazer. Pela primeira vez desde que perdeu a perna, Mary se sentia bem consigo mesma, tanto em sua pele quanto em sua mente. Enquanto observava uma flor em sua frente, perdida na beleza e no perfume das pétalas, sentiu uma presença ao seu lado. Sem desviar o olhar da flor, ela comentou com um toque de humor: "Você também tem uma voz no fundo da sua cabeça mandando você roubar só uma, mesmo com as consequências?"
Mentiria se dissesse que estava à espera daquele 'pagamento', se é que poderia chamá-lo assim. Preferia talvez a palavra oferta, ou mesmo agradecimento. Quando lhe tinha falado na comida, tinha-o feito com um tom de provocação na voz, mas era bom sinal que Raynar tivesse lembrado e realmente cumprido o pedido, pelo menos era o que Daphne achava. "Filhos de Hermes têm que ter uma pequena lição sobre limites." Apontou antes de pegar mais uma peça de sushi e a comer. Não sabia há quanto tempo não comia sushi, mas estava maravilhoso, até podia não ser o melhor do mundo, mas naquele momento? Era como se fosse sim. O ouvindo falar sobre não ter usado a foto, a loira assentiu, não lhe chocava, especialmente pela forma como Aidan estava ultimamente. "Guarde para uma ocasião futura, nunca se sabe quando ele vai chegar aos seus nervos." O que não deveria ser num futuro tão distante assim. Mas mesmo que o filho de Zeus realmente não as quisesse usar, havia algo em Daphne que não queria que ele jogasse fora, o que poderia parecer estranho. A filha de Ares assentiu mais uma vez, a resposta do mais velho praticamente resumindo aquela noite fatídica, embora soubesse que tinha sido muito mais que isso. "Estou bem, não precisei ir na enfermaria..." Basicamente era o único ponto positivo naquilo tudo. "Só estou cansada, sabe?" Murmurou, comendo mais um pouquinho, os olhos agora focando na bandeja de alumínio.
Novamente certo. A preparação impediu a comida de derramar para fora do prato e sujá-lo. Raynar enrolou mais uma volta nos palitinhos e levou quase a boca, os lábios roçando no molho quando respondeu: “ 🗲 ━━ ◤ Boa tarde. ◢ Ainda comendo, o filho de Zeus a acompanhou com o canto dos olhos. Esperando pacientemente para tomar um longo fôlego e se espigar, girando nos degraus para repousar as costas no corrimão da escada. A fome era tanta... E a bandeja de alumínio (que chamava de prato) tão funda... “ 🗲 ━━ ◤ Entrega a domicílio é muito perigoso nos dias de hoje. Filhos de Hermes podem comer sua comida, como forma de pagamento adiantado. Ou gorjeta. ◢ Não presenciou cada etapa da preparação da comida, mas chegou a conferir por cima a aparência das mesmas. Vinham de um lugar seguro, não cheiravam a magia... Estava de bom tamanho para ele. “ 🗲 ━━ ◤ Foi pagamento, mas não usei a foto com Aidan ainda. Nem acho que vá usar com essa sequência brilhante de desgraças do acampamento. ◢ A rivalidade parecia tão mesquinha em comparação. Uma atitude tão infantil que ele se envergonhava, em parte, por colocar os dois numa situação tão íntima e desconfortável. O arrependimento pincelava o fundo da garganta, mas a teimosia impedia de pedir desculpas. E de queimar as fotos tiradas juntos. “ 🗲 ━━ ◤ Estou vivo. Perdemos um. Isso resume tudo. ◢ A morte de Flynn era uma mácula naquele baile, um erro que nunca deveria ter acontecido. E cabia a eles lidar com as consequências do traidor. Raynar mal via a hora de descobrir sua identidade e... O resto ficava a cargo da imaginação. Segurando o suspiro, a voz suavizou ao perguntar. “ 🗲 ━━ ◤ E você? ◢
Embora encontros fosse algo que Daphne não entendesse nada, percebia bem a apreensão da amiga, ainda mais numa altura tão sensível para o acampamento, não julgando de todo aquela reação de Charlie. Mas ao mesmo tempo, não queria que a semideusa se privasse de algo que queria, seria bom para ela, tinha a certeza. "Não queria? Mas não está pelo menos entusiasmada?" Perguntou curiosa. "E ficam ótimas em você, tenho a dizer que ela teve ótimo gosto quando as escolheu." Disse com alguma animação no tom de voz, e mesmo que dissesse aquilo para a incentivar, também o dizia com toda a sinceridade, não apenas para que a filha de Atena se sentisse melhor. A seguiu até ao quarto, sentando do seu lado, sem pensar em pedir permissão para sentar na cama. "O melhor é você mesma ir sem expectativas, para assim ser quase de certeza surpreendida! E não precisa de fazer nada disso, é um encontro, não tem nenhum contrato junto com ele."
Acabou se abraçando quando teve a atenção da outra em seu visual, como se quisesse esconder as roupas (emprestadas de Candy) que estava usando naquele momento. Ela havia gostado delas, se sentindo bonita pela primeira vez em muito tempo, e talvez fosse isso que causasse tanta confusão e culpa em Charlie. "Não sei não, Daphne...", mas ouviu os argumentos da filha de Ares sobre a situação e teve de concordar que todos eles faziam sentido. Ainda assim era difícil não sentir como se estivesse sendo uma fútil por decidir ir àquele encontro. "É só que... eu nem sei quem é a pessoa com quem eu caí. Eu nem queria me inscrever nisso, foi a Candace que me incentivou, essas roupas inclusive são dela...", soltou um suspiro pesado e voltou para o seu quarto, sabendo que seria seguida pela amiga, e se sentou na cama. "Se eu tiver sorte vou cair com algum amigo e ter uma noite agradável, mas e se for alguém com... sei lá, expectativas?" Esperava que Daphne entendesse o que ela queria dizer. "Eu não sei se conseguiria ter alguma coisa com alguém hoje à noite. Daphne, eu nunca nem beijei", acabou por confessar, as bochechas ficando rosadas pela humilhação que sentia.
𝐃𝐚𝐩𝐡𝐧𝐞 𝐆𝐫𝐚𝐜𝐞𝐰𝐨𝐨𝐝Daughter of 𝕬𝖗𝖊𝖘; cabin counsellor born from 𝒘𝒓𝒂𝒕𝒉 𝒂𝒏𝒅 𝒓𝒂𝒈𝒆
196 posts