FLASHBACK : verão de 2022 . Sorriu com a visão alheia. A chuva caía ao redor delas, pingando suavemente do toldo acima, mas o mundo parecia ter se contraído a esse pequeno espaço onde apenas as duas existiam. Os olhos dela, profundos e intensos, refletiam as gotas de chuva que caíam, e você podia sentir o ar mudar, como se a temperatura ao seu redor aumentasse apenas por causa da proximidade de Antonia. "É engraçado..." Começou, a voz baixa semelhante a um sussurro, como se fosse uma confidência apenas para ela. "A chuva tem um jeito de nos fazer parar e prestar atenção nas pequenas coisas." Ela deslizou o olhar lentamente pelo seu rosto, uma análise cuidadosa que parecia tocar cada ponto que ela observava. "Como o som que ela faz ao cair, ou… Como alguém parece." Um sorriso brincou nos lábios dela, um toque de diversão se misturando ao tom sério. Anastasia estava perto o suficiente para que pudesse sentir o calor de pele alheia, apesar da umidade que as cercava. Inclinou a cabeça de leve, deixando os fios molhados caírem para o lado. O tempo parecia desacelerar ainda mais. A forma como ela olhava para Antonia — uma mistura de curiosidade, brincadeira e algo mais profundo — fazia com que a chuva ao redor fosse apenas um detalhe. Aproximou-se um pouco mais da semideusa, os olhos brilhando com a visão que tinha. Permitiu que os olhos passeassem pelo corpo alheio sem nenhuma vergonha, demorando-se em cada detalhe como se quisesse capturar com precisão. “Eu não me importaria de esperar… se você também não se importar.” Anastasia desviou o olhar por um momento, como se estivesse ponderando, antes de retornar com um brilho no olhar, uma espécie de desafio silencioso que só ela poderia oferecer. "Afinal, o que é um pouco de chuva quando podemos nos divertir mesmo assim?" Havia algo naquele momento que parecia sagrado, como se fosse uma pequena bolha de tempo roubada de tudo o mais — e Anastasia, com todo o charme e mistério que ela carregava, parecia perfeitamente ciente disso. Ela deixou o silêncio pairar, os pingos de chuva a única trilha sonora.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀[ flashback ⸻ verão de 2022 ]
perdeu-se em meio a conversa com anastasia enquanto o assunto ia para os mais diversos lados que não percebeu a mudança do tempo. estava tão focada no pequeno vinco que a testa dela fazia quando comentava algum assunto animada que tudo ao seu redor parecia supérfluo. o cheiro de chuva não deixou negar e estavam atrasadas se quisessem não se molhar. antes mesmo que pudesse tomar alguma ação, sentiu o agarre da menina e a seguiu. os pingos gelados já havia transpassado o tecido da camisa cinza que usava e agora ela teria que torcer para não pegar um resfriado. não pensava em outra coisa sequer que deveriam se proteger antes de tentar voltar para a área dos chalés. pelos deuses, como ela podia ser tão angelical mesmo correndo na chuva? sua parte lógica queria atribuir toda a responsabilidade a mãe dela — somente afrodite tinha o poder de produzir algo como aquilo e parecer tão etéreo. assim que estavam cobertas, tentou tirar o máximo das gotas presas em sua bermuda. esperava que a chuva passasse em seguida, afinal, chuvas de verão eram passageiras, ou deveriam ser. puxou os fios encharcados para o lado e torceu um pouco o cabelo. sua visão periférica pegou os olhos de anastasia sobre si, dando um sorriso. ⠀⠀"⠀⠀o que foi?⠀⠀"⠀⠀indagou entre risadas, até a menina se aproximar e instintivamente se recostar em uma das madeiras que segurava o toldo. sua cabeça pendeu para o lado, com um sorriso brincando no rosto.⠀⠀"⠀⠀você não precisa usar a desculpa da chuva para ficar a sós comigo.⠀⠀"⠀⠀virou a cabeça para o lado assim que ouviu a pergunta, a balançando e voltando seu olhar sobre ela.⠀⠀"⠀⠀acho que não. deve demorar mais alguns minutos só.⠀⠀"
FLASHBACK . A expressão de desagrado foi óbvia em sua expressão, não fazendo nenhum esforço para disfarçar. Mesmo que não fosse confessar em voz alta, Raynar sabia quando ela provavelmente estava mentindo, então não fazia questão nenhuma de fingir ou sentir alguma coisa diferente. "Se alguém tirar uma foto minha assim, aí sim teremos um afogamento." Os olhos dela desviaram do rosto alheio, olhando em volta como se procurasse. Apertou os lábios, levemente nervosa, uma vez que não estava mais em sua roupa mais atraente possível. Mesmo que fosse só um biquini, Anastasia gostava de estar bonita, mesmo que soubesse o quão fútil era aquilo. Se fazia com que se sentisse bem, então fazia sentido gastar tempo com as roupas que utilizava no dia-a-dia. Um sorriso natural apareceu nos lábios dela quando viu a comida ao redor deles. Afundou o rosto e depois o corpo, esperando que aquilo fosse o suficiente para que conseguisse observar os peixes, que não demoraram a ir ao redor deles. Havia tantas cores, aparecendo como uma aquarela perto deles. Fazia tempo que não observava algo tão belo assim, gravando a imagem na mente para que pudesse descrevê-la mais tarde para o pai. Voltou para a superfície assim que o oxigênio acabou, tirando o snorkel por um segundo. Os olhos voltaram-se para o semideus. "Será que algum dia vamos ter algum tempo de paz assim novamente?" O corpo, naqueles dias, parecia ter sido tomado por uma leveza inerte, que espalhava em cada uma de suas células. Parecia constantemente flutuando entre as nuvens, o humor sendo apaziguado pelo clima que semelhava a tropicalidade.
O bom da falta de questionamentos é que ele não precisa tirar o sorriso de vitória do rosto salpicado de queimaduras. Mesmo com todo o protetor solar do mundo, a ausência de sol e o céu coberto de nuvens do acampamento, tinham sensibilizado a pele do filho de Zeus. O bronze dos treinamentos dando espaço para a skin mais clara, dos tempos que morava entre as montanhas e com neve até os joelhos. “ 🗲 ━━ ◤ Não, claro que não. ◢ Provocou com os cantos da boca exageradamente para baixo, a cabeça negando com veemência. “ 🗲 ━━ ◤ Um afogamento aqui está mais para humilhação. Acho que vi alguém com uma câmera... ◢ Hornsby disse aquilo só para irritá-la, não achou que fosse realmente assustar. Usando o apoio da escada, ele saiu de trás e ergueu o braço, a mão espalmadas nas costas do colete salva-vida. “ 🗲 ━━ ◤ Tenha cuidado, Santos. Deveria ter sugerido que pulasse logo. Uma entrada rápida e limpa. ◢ Segurando a vontade de carregá-la pelo colete e colocar no meio daqueles corais, Raynar esperou que entrasse completamente dentro d'água. “ 🗲 ━━ ◤ Vou nos levar o mais distante dos outros, porque essa movimentação toda vai assustar a maioria dos peixes. ◢ Com Anastasia a tiracolo, o filho de Zeus caminhou submerso. Os olhos azuis focados na movimentação da água, na corrente que passava pelas pernas. Quando achou um lugar ideal, destampou a garrafinha com comida de peixe e espalhou ao redor dos dois. “ 🗲 ━━ ◤ Vejo você lá embaixo, firecracker. ◢
# ʚ♡ɞ 𝐈'𝐌 𝐒𝐎 𝐃𝐎𝐍𝐄 𝐖𝐈𝐓𝐇 𝐂𝐀𝐑𝐈𝐍𝐆 .
anastasia de bragança em evento de afrodite !
WATERLAND . Optando por roupas confortáveis que utiliza no dia-a-dia, Anastasia escolheu um conjunto formado por legging, top e casaco de moletom pretos. É um conjunto que você provavelmente já a viu utilizando por aí, uma vez que faz parte dos treinos diários da mulher, principalmente combinado a um tênis branco que é um dos seus favoritos. O casaco foi tirado logo nos primeiros minutos do evento, principalmente em decorrência do calor. Não usa nenhum acessório além de um boné preto e nenhuma maquiagem.
BAILE DE GALA . A escolha do modelo do vestido para Anastasia não poderia ter sido melhor (obrigada, mãe). Combinava com o estilo mais simples e elegante da semideusa, que esperava não ter recebido algum vestido cor de rosa que parecesse um bolo de aniversário. O vestido, que é levemente justo no corpo dela, é completamente aberto nas costas, enquanto na frente sustenta algo que é semelhante a uma echarpe, mesmo que tenha uma abertura frontal. O tecido é de cetim, sendo agradável para a temperatura. Como acessório, tinha o brinco comprido dourado que combina com uma pulseira dourada. O cabelo está preso com algumas mechas soltas, além de estar usando uma maquiagem mais natural.
As bochechas foram tomadas por uma cor rosada intensa, algo bem incomum para Anastasia. Ela deu um passo para trás como se tivesse levado um golpe, não acreditando que falaria algo assim. Era uma memória que guardava bem fundo da cabeça, pensando que talvez fosse melhor simplesmente ir embora, mesmo que não desejasse fazer aquilo. Uma das principais diversões dela estava sendo provocar o outro, mesmo que estivesse sendo provocada de volta. Talvez fosse aquele futuro deles: estarem fadados a uma relação de gato e rato, uma vez que eram excessivamente parecidos. Competitivos até demais, movidos pela intensidade das emoções que parecia tomar conta deles. “Você é um babaca, sabe?” As palavras saíram sem rodeio e deixava explícito o quanto ficava magoada ainda. O término deles, no ponto de vista de Anastasia, tinha sido completamente sua culpa, principalmente pela facilidade com que poderia manipular os sentimentos alheios. Como poderia garantir que o amor que sentiriam um dia pelo outro não tinha sido uma farsa forjada pelo que a filha de Afrodite queria? Não tinha como ter a completa certeza. Os olhos reviraram-se com ele, sabendo que, se ficava desconfortável nas roupas que a mãe tinha ofertado tão cuidadosamente para o semideus, provavelmente tinha as vestido incorretamente. Afrodite teve muito cuidado para que todos aproveitassem a noite da melhor forma. Talvez merecesse. “Como se eu fosse ficar perdendo meu tempo pensando em como torturar pessoas e utilizando meu poder de forma tão inútil... É um desperdício gastar sequer um pensamento com pessoas que eu não ligo nenhum pouco.” Mesmo que fosse o tipo de pessoa que agia apenas em relação ao que desejava, sem se importar muito com quem era machucado no caminho, Anastasia não gostava de usar os poderes de forma desenfreada para pequenas coisas no dia a dia. Era como se, frequentemente, colocasse em suas mãos um controle que não deveria ter. Não que acreditasse que o poder fosse errado, mas parecia uma invasão demasiada, principalmente quando ainda estava incerta sobre as consequências que a utilização poderia acarretar. “Isso é tão você, se privar de algo porque não aceita o mínimo de desconforto.” Depois do que ele tinha falado, Anastasia estava ainda com menos vontade de conversar com o ex-namorado. A necessidade em provar um ponto tinha sido substituída pela raiva. Que continuasse para sempre assim, então. Não ficaria atrás de alguém que continuava viver em um ambiente hostil, no que restava era apenas as memórias de um término que foi uma certeza para a filha de Afrodite. Se pudesse, iria torturá-lo mais um pouco. “Venha, então, chorão.” Não hesitou em tomar o resto do drink e deixá-lo em cima do bar sem nenhuma hesitação, pegando a mão dele rudemente e o guiando em direção à pista de dança.
Raynar brincou com as sobrancelhas, elas erguidas e a cabeça pendendo para um lado. Considerava. Rayray não era um dos piores apelidos que era chamado, e era impressionante como os normais sequer entravam no pódio. Contudo, dar uma resposta simples não servia para o que estava em jogo. Não. Anastasia merecia algo que a desestabilizasse. “ 🗲 ━━ ◤ Call me by your name. ◢ E foi tão fácil seguir o personagem que a voz mudou, a malícia aflorando quando os azuis tempestuosos desceram e a avaliaram. Rápido, superficial, mas eficiente. Sustentando o mesmo desafio que ela esfregava em sua face, e colorindo com a ousadia própria. A coluna estalou com o movimento, o curvar impedido pelo corset apertado ao redor do peito. Raynar rangeu os dentes e voltou ao normal, sacudindo aquele passado de si. “ 🗲 ━━ ◤ Eu estou tão desconfortável com essa roupa que realmente não me afeta. Aprecio o tremendo esforço, aliás. ◢ Elogiou o filho de Zeus, condescendente. O incômodo não sendo pelo tecido ou pelas cordas atrás de si. Se pudesse descrever com sinceridade e isso apagado de todos os registros, aquela era uma das roupas de gala mais confortáveis que já tinha vestido. O problema estava no luxo, nas peças, na forma como fica exposto por ser diferente. Santos! Só tinha visto mulheres com uma estrutura parecida. “ 🗲 ━━ ◤ Sim? Trazer alguém seria privá-lo de ir com quem queira e você tem meios para fazê-lo aceitar. É um requinte de crueldade que não enxergo em você, mas a imaginação pode ser persuadida com os incentivos corretos. ◢ O fim do relacionamento... Raynar não nutria nenhum, nenhum mesmo, receio ou sentimento negativo. O entendimento passando a ser maior depois que separaram os caminhos. Eram tão parecidos, de não querer se aventurar em um terreno que não tinham completo controle - ou, no caso dela, de ser realmente sua influência ou poder. “ 🗲 ━━ ◤ Oh, eu adoraria me ver livre disso aqui tudo. Se, apenas se, tivesse certeza de que não seria vaporizado por Afrodite quando passar pelo domo-porteiro. Sei lá que porra é essa. ◢ Lembrando da bebida, Raynar bebericou o Steinhaeger e soltou um gemido de aprovação. Até que enfim algo bom. “ 🗲 ━━ ◤ Não. Eu adoro sair do centro das atenções e me esconder perto de algo que é mais convidativo do que o julgamento das minhas roupas. ◢ Dionísio tinha o controle de tudo ali, graças aos Santos. “ 🗲 ━━ ◤ Conversar com você é um bônus inesperado. ◢
# ʚ♡ɞ STARTER para @d4rkwater em espaço da banda tartarus tragedy .
Mesmo que soubesse que não deveria fazer isso, o poder de Anastasia roçou levemente a mente do filho de Poseidon assim que entrou no palco, só como uma garantia que ele estava bem. Mesmo que fosse um péssimo hábito, costumava fazer aquilo quando tinha muito carinho por alguém, apenas em uma tentativa de cuidado que tinha. Quando sentiu o coração acelerado alheio, que acabou acelerando o próprio pelo compartilhamento de emoções, não pensou muito em permitir que uma onda de calmaria e leveza invadisse a conexão recém-criada pela filha de Afrodite. Mesmo que balançasse o corpo no ritmo da música, os olhos estavam fixos no homem, alimentando a mente alheia com emoções positivas para que aliviasse o que estava passando por dentro do outro. Depois de algumas músicas, viu que estavam dando uma pausa, o que fez com que se juntasse a salva de palmas e quebrasse a conexão que tinha formado com a mente alheia.
Aproximou-se das escadas que levavam ao palco, parando na base enquanto aguardava o momento que pudessem conversar. Um sorriso apareceu naturalmente nos lábios dela assim que conseguiu vislumbrar o rosto alheio, puxando-o para um abraço sem nenhuma hesitação. "Olha só se não é meu rockstar preferido. Já posso criar o nome do fã clube? Que tal Josephetes?" Afastou-se do abraço, dando dois passos para longe. Analisou ele dos pés à cabeça, algo que cultivou ao longo dos anos convivendo com os irmãos. Não que estivesse realmente o julgando, mas sim mais aproximando a nova imagem que era construída. "Eu até falaria algo como assina meus peitos, mas acho que não seria muito elegante da minha parte." A brincadeira saiu naturalmente dela, que o convívio de anos com Joseph era algo que não precisava ter pudor em fazer. "Espero que tenha gostado do meu presentinho. Senti que você estava precisando." Esperava que a ênfase na palavra fosse o suficiente para que o semideus percebesse do que estava falando.
Quando percebeu que talvez tivesse cometido um erro, os olhos dela arregalaram suavemente, quase imperceptivelmente. Por um momento, sentiu-se insegura, sem saber ao certo como reagir, algo que não era muito ela. Anastasia frequentemente era vista como confiante, mas, desde o ocorrido, havia algo que a fazia ficar hesitante. Já tinha recebido alguns olhares, quase como pena, e não gostava de ser novamente o passarinho ferido. Tinha abandonado a vitimização excessiva anos atrás, quando decidiu que seria mais que apenas um rosto choroso e bonito. A espada tinha se tornado a melhor amiga, que permitiu que criasse coragem e força para encarar os problemas. Estava ali novamente, no entanto, com o cabelo levemente desgrenhado, as unhas imperfeitas e um vestido básico que não remetia nada a um conjunto perfeitamente pensado que combinava com os acessórios. "As coisas andam complicadas entre nós. Não te culparia se quisesse fizer isso." Desviou o olhar para os pés, como se sentisse vergonha daquilo, mas não era verdade. Desde que terminaram, mais por culpa de Anastasia, tinham adotado uma atitude provocadora e quase agressiva em relação um ao outro, principalmente em decorrência da natureza do relacionamento que tinham. Eles sempre foram um tanto explosivos em relação aos sentimentos, talvez por isso que sempre deram certo. O chamado dele fez com que levantasse o olhar e, novamente, hesitou sem saber o que deveria fazer. Estava até mesmo assustada com a possibilidade, olhando para trás e pensando se estava maluca em pensar em aceitá-la de verdade. Talvez pudesse simplesmente ir embora correndo, como uma adolescente surtando. Antes que pudesse perceber o que estava fazendo, os pés movimentaram-se em direção à cama, sentando-se com as pernas cruzadas e deixando o tênis ao lado. O corpo permanecia rígido, como se não ousasse chegar um centímetro mais perto dele. "Então, gosta do que vê?" Mesmo que tivesse tom de provocação, o corpo expressava o desconforto que era estar ali, tão perto. No baile, pelo menos, estava alcoolizada, o que facilitava um pouco.
Embaixo dos cobertores, Raynar Hornsby virava de um lado para o outro. O sono incapaz de alcançar a velocidade imposta por seus pensamentos, que pulavam de uma conjetura a outra. Um traidor da magia, começava sem grandes esperanças. Os rostos dos filhos de Hécate deslizando em frente, um por um, brilhando nos contornos. Tabelas de prós e contra, possíveis motivos, grau de periculosidade. Virava. Sentia os olhos pesando e voltava, piscando ativos na eletricidade baixinha ao redor do corpo. Raynar ficou sentado no milésimo de segundo seguido do bater na porta, a mão se fechando ao redor do cabo de sua lança de dois gumes. “ 🗲 ━━ ◤ Ah, olá para você também. ◢ A estranheza da interrupção abriu espaço para a familiaridade da cena. Se bem que, talvez um pouquinho diferente. Ela deveria estar de costas para isso, no sentido claro de sair do quarto em que tinha passado a noite. O filho de Zeus captou a incongruência naquela personalidade, a audição prestando mais atenção no que não era dito. “ 🗲 ━━ ◤ Como se eu fosse capaz de fazer uma coisa dessas. ◢ Ninguém tinha culpa de ser semideus, assim como não mereciam morrer em ataques daquele tipo. Mas era Anastasia. A mesma que tinha deixado entrar onde pouquíssimos conseguiam chegar. “ 🗲 ━━ ◤ Anastasia. ◢ O chamado veio com o mesmo tom alheio, baixo e rouco, o queixo indicando o espaço que ele abria perto de si na cama. Raynar puxou o cobertor mais para a cintura, cobrindo o inevitável estado que estava por baixo - de pouquíssima roupa. “ 🗲 ━━ ◤ Venha aqui. Deixe-me ver. ◢ Porque ele sabia... Ele sabia o que aquele corte significava para ela.
FLASHBACK . Observou a movimentação do outro, permitindo que um sorriso divertido aparecesse nos lábios dela. Isso fazia com que lembrasse de como era o relacionamento dos dois quando estavam juntos, uma vez que Raynar, mesmo com todo o seu jeito rude e todo movido a heroísmos, sempre fazia questão de fazê-la se sentir confortável. Assim que sentiu o calçado envolver o pé, todos os comentários sobre ser uma Cinderela sumiram de sua cabeça. "Ok, meu príncipe encantado de 2 metros. Não duvidarei mais da sua capacidade." Mesmo que a voz permanecesse divertida, sentindo-se mais leve do que se sentira há muito tempo, havia também uma leve tonalidade de flerte, inevitável para a filha de Afrodite. A amizade (se é que poderia chamar assim) tinha crescido aos poucos desde o momento que dividiram aquela cama no chalé de Zeus e de forma não maliciosa, o que era uma novidade e tanto tratando-se dos dois. Uma memória ou outra permanecia um pouco mais vívida, mas tentava ao máximo não sucumbir a nenhuma tentação, principalmente quando olhava para ele ajoelhado aos seus pés, o que fez com que mordesse o lábio por um milésimo de segundo com alguma lembrança que o envolvia a chamando pelo seu nome. É claro que pensou em recusar a sugestão alheia para não parecer fraca de alguma forma. Talvez até com o tom de arrogância a que estava acostumada. Anastasia, no entanto, estava naquele processo lento e torturante de ser uma pessoa melhor e mais receptiva. "Certo, mas não é porque eu vou me afogar ou algo do tipo." Usou a mão dele para que descesse sem nenhum problema, mesmo que tivesse escorregado suavemente no último degrau. O corpo vacilou por um momento e o coração parou por um segundo antes de sentir o corpo não sofrer tanto impacto, uma vez que a água auxiliou. "Ops." Foi o que limitou a dizer, com um leve sorriso envergonhado.
Raynar fechou a cara para a ex-namorada sem ter medo de assustá-la. Se alguém conhecia suas expressões, ela era uma das únicas. Ele respirou fundo, revirando os olhos. “ 🗲 ━━ ◤ Não estou sendo desrespeitoso, só simplista. Visitar corais não pode ser maré alta e- Vou repetir o discurso toda da filha de Circe. ◢ Desceu para um joelho, depois o outro; sentando-se sobre as próprias pernas. Não pela falta de equilíbrio, mas porque ficava mais perto dos pés dela daquela maneira. Delicadamente, exagerando na atuação de príncipe encantado, ele passou o primeiro calçado no pé dela. “ 🗲 ━━ ◤ Eu preciso responder? ◢ O amor pela vida do filho de Zeus era tão forte quanto o de conhecer o pai e isso não era segredo. Quando terminou de calçá-la, os ombros arriaram. “ 🗲 ━━ ◤ Eu de pé ainda vou ficar com a cabeça para fora do mar. Um colete mais me atrapalharia do que qualquer outra coisa. ◢ Ele colocou as mãos no peito, uma de cada lado, e a medida foi posta ao lado do colete mais próximo. Raynar era grande demais. Sem preder tempo, encontrou a escada e desceu, o mar o recebendo bem para variar. “ 🗲 ━━ ◤ Pode segurar em mim, subalterna. ◢
Por um momento, teve vontade de rir daquela situação. A própria oferenda estava em mãos quando escutou as palavras alheias, pensando que, mesmo que tivesse sofrendo com as opiniões a respeito dos Filhos da Magia, não ligava nenhum pouco para o sofrimento alheio. "Oh, que coitadinha. Vai chorar?" A voz dela saiu com sarcasmo, revirando-se na órbita. Não sabia exatamente o que era, mas, desde que tinha colocado os olhos em Natalia, tinha a odiado. Havia algo inerte naquela personalidade gentil e, na opinião de Anastasia, burra, que fazia com que trouxesse o pior comportamento possível da filha de Afrodite. Era bem diferente do que trazia para Kitty, que tratava com mais indiferença do que grosseria. Não poupava o sarcasmo em direção a outra, já cansada daquela conversa que sequer tinha começado. "Você acha que sou preconceituosa nesse nível?" Os olhos dela foram como estacas de gelo em direção a ela, repletas de uma frieza destinada apenas aqueles que Anastasia nutria certo desprezo. Sabia que a raiva era injustificada, mas aquele sentimento continuava pungente dentro de si, algo que não conseguia se livrar tão facilmente. Um suspiro escapou dela, conforme analisava a outra dos pés à cabeça lentamente. Sinceramente, sentia até mesmo um pouco de pena da outra achar que realmente se importava com Flynn a ponto de acusá-la de matar alguém. É claro que tinha sido uma grande perda, mas tinha mais o que pensar e achava mais preocupante do que triste a morte do campista. Não ficaria sofrendo por alguém que sequer conhecia tão bem. "Vamos deixar uma coisa bem clara aqui: meu desgosto por você não tem nenhuma relação com qualquer status ou cargo que você carrega aqui." Podia ser várias coisas, mas preconceituosa não estava entre essas características e recusava-se que até mesmo a filha de Hécate tivesse essa impressão dela. "Por que você só não manda essa galera que está te acusando isso se fuder, se está te incomodando tanto?" Era o que faria. Desde que recebeu a cicatriz no rosto, tem recebido olhares curiosos e muitos reprovadores, como se tivesse feito algo errado além de proteger os outros campistas. Para esses, Anastasia retornava com uma expressão de morte, que com certeza era o suficiente para lembrá-los que não se mexia com a filha de Afrodite. Mesmo que tivesse um rosto belo (o que duvidava, naquele momento), era uma pessoa que poderia se tornar perigosa caso pisassem em algum calo dela.
"you don't see anything. nothing's happening. just go about your business."
local de oferendas com @ncstya ,
໋ "Se veio até aqui para desferir acusações ou teorias, por favor, dê meia volta." O tom de voz calmo e ensaiado, enquanto ela se mantinha rígida, sem se dar ao trabalho de reconhecer quem quer que fosse. Os olhos fixos na fogueira apagada, enquanto em mãos trazia um pequeno buquê de flores que mais cedo havia encontrado em uma clareira bosque adentro. Não era costume realizar oferendas, mas tomada pelo sentimento de insatisfação, Natalia viu necessidade para tal ato. Talvez, a mãe surgisse e explicasse os significados dos pesadelos. Talvez. "Você não me viu aqui, nada está acontecendo. Por favor…" Sem Aidan em seu encalço, ela se tornava um alvo exposto. Era ruim entregar-se à dependência, mas não negava que a presença do amigo lhe evitava estresse — com ele por perto, nenhum semideus ousava chegar perto. "Eu sei o que andam falando por aí, sei que acusam a todos que praticam magia," suspirou, levando a mão livre para o rosto, esfregando a ponta dos dedos contra a testa. "Mas não é sensato também acusar sem prova alguma. Eu estou cansada de ouvir que eu sou suspeita de ter matado um dos meus melhores amigos…" Ao olhar para o lado, Natalia reconheceu o rosto harmonioso da filha de Afrodite, aliviando a própria expressão enfurecida logo depois. "Se quiser ficar aí, que fique. Só… Não faça essas perguntas. Eu não aguento mais…"
"Você não ama ele romanticamente, então?" Anastasia não hesitava em ser intrometida, mesmo que não ligasse tanto para o assunto. Não era o tipo de pessoa que segurava a língua, ainda mais quando tinha questionamentos ou críticas. A verdade é que estava um pouco surpresa com o envolvimento de Love e de Josh, as personalidades sendo incrivelmente opostas. Talvez a outra aliviasse a intensidade dele, mas não sabia ao certo. "Eu sei! E as pessoas subestimam tanto os perfumes do Yves Saint Laurent. A maioria é obcecado pelos da Dior e pelos da Chanel, mas, sério, acho que se você entrar no chalé de Afrodite, vem uma nuvem de Chanel Nº 5 e La Vie Est Belle. Nada contra, mas já deu, sabe?" Sabia que a outra provavelmente não se interessaria por aquele assunto, mas era inevitável para a filha de Afrodite não desabafar sobre aquele assunto. Para ela, como você cheirava refletia muito a respeito da sua personalidade. Por exemplo, Love com certeza usaria perfumes doces, porém com um fundo mais cítrico e fresco, não tão voltados para baunilha quanto a maioria das pessoas utilizava. "Vamos, vamos! Quero muuuita emoção." Quando chegaram, não havia mais fila, o que deveria ser um indicativo de que poderia ser demais, mas Anastasia não ligou. Pegou a mão da amiga e puxou para que sentassem no primeiro carrinho. "Está preparada?"
Love olhou para Anastasia como se ela fosse louca. ❝ ― Você sabe melhor do que eu como paixão, amor e essas coisas funcionam. ❞ — Ela riu porque imaginou que uma filha de Afrodite entenderiam melhor sobre essas questões a própria Kinn. A resposta do segredo a fez olhar de maneira curiosa e refletir sobre. Ok, considerando que ela era uma filha da deusa do amor e beleza, faria sentido guardar segredos de beleza. Ainda assim, Love desejou algo mais palpável. ❝ ― Hmmm, é um bom perfume. ❞ — Por fim elogiou. Não forçaria a barra, sabia bem que bons segredos vinham com uma dose de confiança e não sobre o domínio do medo. Quando sentiu o aperto em seu braço, encarou a montanha-russa e sorriu. ❝ ― Ok, vamos! Mas precisamos ir no primeiro carrinho. Sabe que ele é o mais emocionante, né? ❞ — Perguntou conforme corria animada para o brinquedo.
Talvez fosse o cansaço ou talvez fosse o fato que estava chorando aos prantos até alguns minutos atrás, mas, assim que saiu do transe, foi como se tivesse entrado em modo automático. Passou verificando quem precisava de ajuda e como poderia ajudar, sem pensar muito sobre si mesma. A queimadura das lágrimas nos cantos dos olhos ainda eram visíveis, mas não permitiria que parasse e começasse a pensar sobre o que tinha acontecido. "Não lembro de ter perguntado o que você merece ou não. Agora fique quieto e me deixe continuar o trabalho." Mesmo que a tentativa fosse parecer ser bem-humorada, soube que o tom era mais ríspido, o que culpava o quanto precisava pegar os próprios pedaços de si que tinha deixado no caminho até ali. Seria necessário, no entanto, mais tempo do que tinha naquele momento, então poderia ser útil ou poderia ser chorona. Estava tão cansada de chorar. Não queria ser aquela pessoa novamente. A decisão, então, era afogar cada sentimento até que não houvesse mais com o que se preocupar.
"Eu estou bem. Não se preocupe comigo agora." A mentira saía facilmente dos lábios de Anastasia, que tinha aprimorado a habilidade de disfarçar os próprios sentimentos ao longo dos anos. A mente, no entanto, recebia uma chuva torrencial de pensamentos, ideias e pesadelos, devastando completamente o que estava fazendo e como estava agindo até o momento. Mesmo que tivesse a habilidade de colocar um sorriso nos lábios em momentos difíceis e quando a cabeça estava tudo exceto lúcida, as mãos tremiam levemente quando colocava as bandagens, enrolando-as firmes o suficiente para que permitisse que o ferimento fechasse corretamente. "Vai dar tudo certo." Outra mentira, mas aquela era mais para si mesma do que para o semideus. Precisava acreditar naquilo, se não acabaria desmoronando. Aquele lugar era o único lar que teve em muito tempo. Quando o pai tinha morrido, tentou verdadeiramente voltar ao mundo dos humanos, mas parecia errado e tão assustador que não teve mais vontade de sair do Acampamento Meio-Sangue mais. De alguma forma, aos poucos tudo que tinha sonhado estava sendo destruído (e nem estava se referindo à estrutura).
QUÃO ADORÁVEL - ser algo que o universo quer matar. em todas as chances, em todos os tempos, sem qualquer aviso ; algo viria para tentar acabar consigo & as vezes, o que arthur queria fazer era ceder. abrir ele mesmo o espaço da caixa torácica onde se escondia o coração & dizer : ' vamos, peguem um pedaço e me deixem para morrer ' , talvez existisse paz na morte pois na vida só há reconstrução, e em reconstrução só há violência.
❛ foi só uma queda, não precisa fazer isso, de verdade. ❜ murmurou enquanto a outra limpava os cortes nos nós dos dedos. ❛ eu 'tô bem, annya. ❜ a verdade era clara : não estava . apesar da face estóica e do comportamento irredutível , tinha tido pouco tempo para processar aquela ilusão & quando finalmente teve tempo, depois de assegurar que todos estavam salvos - ou ao menos , que tinham sobrevivido aquilo - , o filho de ares se pegou sozinho com seus pensamentos , o levando a quase quebrar a mão na parede do banheiro enquanto a água fria caia sobre seu corpo. ❛ eu não mereço tudo isso. ❜ disse calmamente, tentando fitar o trabalho com as bandagens e não a garota ao seu lado.
ela tinha sido a primeira em que pensou quando viu o estrago que tinha deixado , e podia esperar , fazer um trabalho sujo de se remendar ele mesmo, mas em toda a honestidade - não queria estar sozinho & esperava que ela não quisesse também. ❛ como você 'tá? depois de .. ❜ procurou uma palavra adequada - não achou nenhuma, terminou em um sussuro : ❛ tudo. ❜
@ncstya
"Se ele não te conhecer de verdade, o amor nunca será verdadeiro." Para Anastasia, um amor verdadeiro é aquele que permitia que não houvesse segredos entre eles. Sempre tinha sido honesta em todos os namoros que teve e, para ser sincera, talvez fosse isso que a assustasse tanto. Como o poder dela permitia que lesse emoções, tudo parecia verdadeiro até demais, muito sensível. Com o medo constante de todos ao seu redor terem o mesmo destino que o pai tivera, era difícil se entregar para alguma tão sincera e real. Amar era uma atividade complicada, o que expressava em quão hipócrita era para falar para Yas não ter medo. "Vai dar tudo certo." Alcançou a mão da amiga e deu um leve aperto, um sorriso aparecendo nos lábios quase automaticamente. Entendia que tudo poderia dar errado, mas era bom ser positiva. Quanto mais incentivasse a outra, mais propensa seria em fazer o Joseph feliz, o que era o suficiente para a Anastasia.
"Eu pego um pouco para nós." Levantou-se do seu lugar, indo até a mesa e pegando um pequeno potinho separado. Sentou-se novamente logo depois de voltar à mesa, um pequeno sorriso nos lábios. Depois de muito tempo, parecia que tudo estava bem novamente. "Ela é muito boa, realmente, mas pegue mais batatas." Comeu mais um pouco, finalmente afundando as batatas no molho.
Entendia Anastasia e o que ela queria dizer. Sim, todos os semideuses tinham um grande problema, ou pelo menos grande parte deles tinha algo a ser resolvido visto que monstros sempre iriam persegui-los. O problema com Yasemin era que ela gostava daquela vida. Gostava de caos, anarquia e principalmente do pânico. E dada suas experiencias no acampamento, se nem mesmo os semideuses gostavam dos filhos de deuses com aspetos mais sombrios, que espaço realmente tinha para ela naquele lugar? Sempre se sentiu reprimida de alguma forma, especialmente pelo uso de seus poderes. ❝ ― Talvez. Será que ele realmente iria querer mesmo me conhecendo de verdade? ❞ — A resposta que ela esperava ouvir era que sim porque Yasemin era leal aos seus, mas entendia que talvez algumas coisas fossem demais para alguns. ❝ ― Honestamente? Eu espero que sim porque gosto muito dele. ❞ — Confessou, olhando para a filha de Afrodite quase como implorando para que ela acalmasse o coração temeroso de algo ruim acontecer.
Acabou suspirando aliviada quando ela trocou de assunto porque não deseja ir mais a fundo naquilo, não era o momento. ❝ ― Sério? ❞ — Ela perguntou conforme roubava uma do prato alheio e comia em seguida. ❝ ― Eles tem alguns molhos na mesa de delicias, deve ter algo lá... Mas ficaria grata já com um ketchup. ❞ — Respondeu logo que terminou de mastigar, pegando outra batata, saboreando da mesma. ❝ ― Sua mãe quis caprichar realmente em tudo hoje. ❞