"A adaga é muito parecida com a espada, acho que você consegue aprender bastante, mesmo que ela exija um pouco mais de... Proximidade. E, é claro, a espada é bem menos versátil." Jamais tinha visto alguém arremessar uma espada, por exemplo. É claro que não era muito especialista em ataques a distância, preferindo sentir a adrenalina quando você tem incerteza do ataque do adversário e é obrigado a analisá-lo para prever o que teria a seguir. "Se ele te matar, eu mato ele de volta. Ele já está me provocando demais ultimamente, talvez utilize só como uma desculpa." Uma piscada foi direcionada para a semideusa, demonstrando a intenção de brincadeira por trás das palavras. Tinha uma amizade com Kerim que adorava, havendo muito companheirismo por compartilharem o cargo de instrutor e com duas lâminas ainda. Ainda sim, com certeza brigaria caso fizesse algo com Melis, já que tinha tomado ela como sua protegida. Havia algo no comportamento alheio que era tão genuíno a ponto de ser impossível não gostar dela. "Sair no soco eu me garanto. Preciso de alguém que faça barraco." Uma risada saiu dela, já que sabia que poderia confiar nela.
"Estou preferindo ficar esgotada, na verdade." O comentário saiu vago, mas não queria se abrir naquele momento. A cabeça estava sendo atormentada pela verdade que foi jogada em sua cara e todos os eventos anteriores. Parecia que jamais tinha um tempo para respirar e absorver o que acontecia completamente antes de algo terrível acontecer novamente. Odiava temer cada momento e, querendo ou não, a luta fazia com que pensasse cada movimento mais cuidadosamente. Caminhou até o estande, olhando as espadas que tinham a disposição. Os olhos voltaram-se para Melis, um sorriso aparecendo naturalmente nos lábios dela apenas de ver a garota por quem tinha construído um carinho inesperadamente. "Quer uma espada emprestada? Temos várias opções aqui."
"Como pode dizer isso, Nastya?" Parou em frente da semideusa e colocou as mãos em seus ombros. "Você estava sendo incrível, juro! Não achei em nenhum momento que havia perdido o jeito ou algo assim. Pelo contrário! Se que saber, estava até tentando memorizar alguns movimentos para as minhas aulas." Soltou a amiga e afastou-se para mostrar alguns dos movimentos que havia memorizado. Provavelmente não reproduzia com a mesma precisão, mas estava fazendo um esforço para não errar muito. "Acho que se eu fizer isso na minha próxima aula de adaga, o Kerim não vai querer tirar férias de mim ou me matar! A depender do meu nível de falta de coordenação." Torceu o rosto em uma careta, ao mesmo tempo que encolhia os ombros. Voltou a sorrir quando notou que Anastasia também parecia mais relaxada agora. "Combinado! Também pode me chamar se quiser. Não prometo que vou entrar na briga física, porque provavelmente perderia e te faria passar vergonha, mas fazer um barraco verbal eu gosto de vez em quando." Deu uma piscadela cúmplice para a amiga. A personalidade caótica de Melis facilitava aquele comportamento quando era necessário.
A ideia de treinar não era nada mal, já que realmente precisava melhorar. Estava sentindo que seu tempo para se preparar para algo grande no futuro estava terminando, então ela precisava evoluir seus poderes e habilidades como semideusa o quanto antes se queria ser útil, mas também não queria dar trabalho para Anastasia. "Eu adoraria! Mas você tem certeza? Acabou de sair de um treino! Não quero que fique esgotada."
FLASHBACK . "É estranho mesmo. Esperava mais das comidas dos que das pelúcias." Tentou brincar com a situação, uma vez que já haviam vários filmes a respeito de comidas que criavam vida e assustavam os humanos. Ainda sim, uma risada sem humor saiu dela, disfarçando a dor que parecia atravessá-la cada vez mais. Talvez fosse necessário uma dose mais forte de ambrosia com algo para dor. Os hematomas mais fortes continuavam salpicando a pele a semideusa. "Para ser sincera, nem cheguei a observar muito em volta. Sabia que tinha vindo de algum lugar, mas... Aconteceu tão rápido." O comentário saiu de forma tão envergonhada, principalmente porque Anastasia, que pedia tanto sabedoria para Atena, deveria ter analisado melhor a situação. A mente, no entanto, estava confusa e alcoolizada, propensa a tomar decisões terríveis. Os olhos dela foram novamente para a cabeça de Yasemin, como se tentasse analisar se a outra realmente estava bem. Talvez os gritos dela sempre ficassem marcados em sua mente. "Não sei, Yas. Sinto que vem mais coisa."
Yasemin apenas assentiu com a fala de Anastasia desejando que ficasse bem mesmo, embora suas dores, naquele momento, fossem mais emocionais e enraizadas. Eram mais difíceis de curar. Ela balançou a cabeça levemente para afastar qualquer pensamento que a levasse divagar e deixasse que sua atenção sumisse da amiga ainda falando consigo. A menção a Mulher Maravilha fez a turca rir fraco e sem humor. ❝ ― Engraçado... De tanta bizarrice que já vi nesse mundo de deuses, nunca achei que veria ursinhos de pelúcia lutando com tanta fúria. ❞ — Disse baixinho. As memorias ainda estavam meio nubladas, mas se recordava de alguns momentos que viu as pelúcias travando uma batalha com diversos semideuses. ❝ ― Você lembra de ter visto alguma coisa suspeita antes de ser atacada? ❞ — Não era o momento para aquilo, mas Yas não resistiu em fazer aquela pergunta. Apenas queria algumas respostas para suas dúvidas. Principalmente porque agora tinham outro campista morto.
FLASHBACK . Um sorriso apareceu nos lábios dela, sabendo que provavelmente falava a verdade. Joseph não era alguém que a enganaria ou falaria apenas coisas boas para afagar o ego dela. Talvez esse tivesse sido o motivo de que se deram tão bem desde o começo. "Acho que posso começar a fazer algumas oferendas para ela. Vai que decidi me dar uma benção súbita." Deu uma risada sem graça da situação, tentando não pensar mais tanto naquilo. Quando mais tempo passasse, mais se afundaria naquelas dúvidas, em uma insegurança que sequer tinha pensado para pensar que tinha. Era estranho pensar como tudo tinha mudado em questão de uma noite. "Vou tentar pensar dessa forma." Sim, era realmente muito vaidosa, principalmente porque a aparência era algo que sempre facilitou vários aspectos da vida. Eram hipócritas aqueles que falavam que aparências não importam e só o que a pessoa é por dentro. Quanto mais belo você era, mais portas se abriam. Ficou pensativa por um segundo, quieta, mas os pensamentos borbulhavam dentro dela. "Então, como você está? Com os acontecimentos e tudo mais." Os olhos dela voltaram-se para ele com curiosidade, tentando não pensar nos próprios problemas.
Não sabia como era ser filho de Afrodite, mas a convivência com eles dava a Joseph uma noção do quão vaidosos e preocupados com a aparência eles eram. Cada um ao seu modo, claro. Uma espinha, assim como contado por Anastasia, já era considerado um absurdo, quem diria uma cicatriz permanente, mas buscou ser otimista pela amiga. — Sei que tudo está estranho, mas ainda duvido que Afrodite te permita sofrer com uma cicatriz tão horrível assim. — Reforçou mais uma vez aquelas palavras. — E volto a dizer, de novo, nada te deixaria feia. Isso é impossível. — Outro ponto que o filho de Poseidon tratou de deixar o mais claro possível para a velha amiga, chegando a segurar com carinho sua mão. — Não fique se torturando com isso, hm? Se, por um milagre, acontecer de ficar uma cicatriz em seu rosto, não se abale tanto... Todo mundo vai achar um charme e ainda vão sair por aí dizendo que a sua cicatriz é linda, diferente de qualquer uma que já viram por aí e o quanto sentem inveja por isso. — Estava tentando dar o seu melhor naquele momento, uma pequena distração para ver se ao menos arrancava um sorriso daquele rosto desanimado. — Sei que para você a vaidade é tudo, mas nunca se sinta feia. Isso é inaceitável vindo de você.
i'm struggling with pain , but still believe me !
é apenas ANASTASIA LEE, ela é filha de AFRODITE do chalé 10 e tem 27 ANOS. a tv hefesto informa no guia de programação que ela está no NÍVEL 3 por estar no acampamento há 16 ANOS, sabia? e se lá estiver certo, NASTYA é bastante DETERMINADA mas também dizem que ela é ARROGANTE. mas você sabe como hefesto é, sempre inventando fake news pra atrair audiência.
in a desperate cry , fight for justice .
ʚ♡ɞ RESUMO .
Anastasia cresceu em um ambiente de opulência e privilégio, onde sua maior preocupação era qual presente extravagante receberia do pai. Filha de uma família rica com uma linhagem real, ela foi mimada desde o berço, embora sua mãe tenha falecido em um trágico acidente de carro quando Anastasia ainda era muito jovem (pelo menos, era o que o pai dizia a todos). Aos treze anos, enquanto desfrutava de sua vida protegida em uma mansão em Los Angeles, sua realidade foi abruptamente interrompida por um ataque que tirou a vida de seu pai e a forçou a enfrentar a verdade sobre sua identidade como semideusa. Levada ao Acampamento Meio-Sangue, Anastasia descobriu sua herança divina como filha de Afrodite, mas também teve que aprender a controlar seus poderes emocionais, que muitas vezes a deixavam se perguntando sobre sua influência nas emoções dos outros.
ʚ♡ɞ HEADCANNONS .
Nascida em uma família rica que tem algum parentesco próximo com o dono de uma marca famosa de celulares (Anastasia nunca ligou muito para a história), os primeiros anos de vida foram a parte mais fácil da vida dela, que a única preocupação era se ganharia a motinha que tinha pedido para o pai. A mãe dela? Coitadinha, tinha morrido em um acidente de carro, acredita? Mas tudo bem, porque nunca faltou nada para a garota! Não importava-se com nada além do seu dia-a-dia, que era ser paparicada com vários inúteis rosas e caros, apenas para garantir um sorriso no rosto da herdeira da fortuna que ninguém sabe de onde veio (se é que você me entende). Era uma criança adorável, pelo menos até que abrisse a boca para berrar que alguma coisa não estava ao agrado dela. Por onde andava, chamava atenção, fosse pela beleza ou por ser petulante com sua língua gigantesca, pronta para comentar algo que definitivamente não era da sua conta.
Essa realidade durou muito tempo até os 13 anos, em um dia de inverno que parecia comum. Anastasia já estava falando toda a lista do que queria ganhar naquela época, o que incluía os novos tecnológicos e vários itens de beleza da Sephora. Foi quando teve o ataque na propriedade da família em Los Angeles, bem quando estava assistindo alguma coisa na televisão. O pai não conseguiu sobreviver, mas conseguiu esconder a menina embaixo da mesa. Mesmo que Anastasia não tivesse a menor noção do que era, o homem sabia desde o começo, pois conseguia enxergar através da névoa. Quando viu a invasão na mansão, não houve nenhuma dúvidas do que aconteceria. Nenhum segurança seria capaz de manter a criatura longe de Anastasia, sedento pelo sangue da menina de cabelos longos e loiros. A memória do último sorriso do pai, manchado por sangue, permaneceu viva em seus pesadelos durante anos.
Foi levada para o Acampamento Meio-Sangue depois de ser abordada por um policial que entendeu o que tinha acontecido, afinal quem mais acreditaria quando Anastasia falasse que um monstro apareceu do nada e matou seu pai? Quando falou isso para os investigadores, recebeu olhares que diziam: coitadinha, enlouqueceu completamente. Ao finalmente chegar naquele lugar que representaria um pouco de conforto para o coração machucado, a filha de Afrodite percebeu como era fraca em tudo que se propunha. Aquela menina tagarela tinha sido substituída por uma criança traumatizada e que vivia chorando de saudades do genitor, que jamais chegaria a ver. A pessoa que ficou com a sua guarda, uma tia brasileira que coincidentemente estava vivendo nos Estados Unidos, não ligava nenhum pouco para o que estava fazendo, então passava mais tempo no Acampamento Meio-Sangue que qualquer coisa. Não que fosse ruim: estava aterrorizada pelo que tinha vivido, não desejando sequer sair pelos limites. Depois de muitas conversas com o Sr. D e, principalmente, Quíron, compreendeu que precisava treinar para que aquilo não acontecesse novamente. Assim, começou a treinar incansavelmente todos os dias.
Demorou cerca de 3 anos para ser reclamada pela mãe e, quando finalmente foi, as peças em sua mente começaram a se encaixar. Já havia percebido os olhares que recebia, ainda mais quando pensava que um crush podia muito notar ela e, tcham, do nada, ele só tinha olhos para Anastasia. O poder foi difícil de ser controlado, principalmente porque ela impunha as próprias emoções inconscientemente na maioria das vezes. Muitas vezes, ficava se questionando se os outros realmente se sentiam aquilo a respeito dela ou era ela própria controlando inconscientemente o que sentiam. O término com o primeiro namoradinho, inclusive, foi principalmente porque a filha de Afrodite teve um surto, acreditando que jamais tinha sido amada verdadeiramente e estava controlando ele o tempo todo. Mesmo nos dias atuais, com os poderes completamente sob controle, Anastasia pega se perguntando se está manipulando as emoções alheias.
Saiu do Acampamento Meio-Sangue em pouquíssimas situações, pensando que talvez poderia viver uma vida sem medo, afinal o que tinha acontecido ocorreu a tanto tempo atrás. Mesmo com a espada e todo o treinamento perfeito que recebeu, ainda sim Anastasia temia andar pelas ruas e alguém querido acabar ferido. São momentos de constante medo e dúvidas, que fazem com que fique emocionalmente inconstante, o que faz com que manipule aqueles ao seu redor.
ʚ♡ɞ HABILIDADES && PODERES .
MANIPULAÇÃO DE EMOÇÕES. Ativo. A capacidade de manipulação das emoções de Anastasia é uma ferramenta poderosa e complexa. Além de simplesmente influenciar as emoções das pessoas, ela pode intensificar essas emoções, tornando-as mais fortes e dominantes. Esse controle pode ser exercido de forma sutil, moldando percepções e reações de maneira discreta, útil em situações sociais delicadas ou em manipulação política e diplomática.
Ela também pode induzir emoções específicas de acordo com sua vontade, como instilar um sentimento de confiança em alguém inseguro, ou despertar sentimentos de culpa em alguém que está agindo de forma prejudicial. Entretanto, manipular emoções pode ter consequências imprevistas e efeitos colaterais. Por exemplo, intensificar demais a paixão de alguém pode levar a comportamentos impulsivos e irracionais, ou induzir sentimentos de raiva em vez de amor. A filha de Afrodite precisa ser cautelosa ao usar seus poderes para evitar causar danos emocionais.
PERÍCIA COM CHICOTES E CORRENTES. Passivo. Anastasia Lee domina a arte única da perícia com chicotes e correntes com uma destreza e elegância que desafiam as expectativas. Seu estilo é como uma dança mortal, onde cada movimento é uma combinação perfeita de graça fluida e precisão letal. Anastasia transforma essas armas aparentemente simples em extensões de seus próprios membros, capazes de desferir golpes rápidos como relâmpagos ou enrolar-se ao redor de obstáculos para alcançar seu alvo com precisão milimétrica.
HABILIDADES. Fator de cura acima do normal e reflexos sobre humanos.
ʚ♡ɞ ARSENAL .
Sharp Beauty é uma espada em ouro imperial com adornos em ouro rosa. As rosas estão presentes tanto na lâmina, entalhados, quanto no cabo, que possui adornos retorcidos, que lembram espinhos retorcidos.
Love Vendetta é uma corrente com uma kunai na ponta. Produziu pensando nos símbolos da mãe, o metal é adornado com pequenos círculos brilhantes, pintados a mão com a mesma cor que adornam as correntes, lembrando muito pérolas. Quando enrola a arma na mão, no entanto, ativa um pequeno mecanismo, que tinha sido uma ideia de um filhos de Hefesto que sugeriu enquanto passava por ela no momento. Com isso, a kunai revela pequenos espinhos de ouro imperial. Os espinhos na kunai de ouro imperial são cobertos por um veneno dourado que Anastasia apelidou de Bela Adormecida. Ele produz sintomas semelhantes a um cansaço muito grande, o que pode impactar a velocidade, reflexões e coordenação motora. Tente não bocejar muito alto!
Espelho de Nêmesis é um espelho de bronze polido com bordas decoradas. O espelho pode revelar segredos e desejos ocultos. As revelações são em forma de visões enigmáticas.
ʚ♡ɞ EXTRAS .
Altura. 1,63 m. Tatuagens e piercings. Possui diversos piercings na orelha, mas não possui nenhuma tatuagem (ainda). Traços positivos. Determinada, elegante e extrovertida. Traços negativos. Arrogante, insegura e excessivamente protetora. Inspirações. Elle Woods, Sidney Prescott e Aphrodite (House of Night). Instrutora de armas específicas (espada).
BIRDS of a feather .
trigger warning : morte && dor física .
Sentiu como se tivesse um peso que subia na cabeça e ia descendo para as pernas. Precisou piscar algumas vezes para identificar aquele lugar, principalmente porque estava em um passado tão obscuro que armazenou em uma parte da mente que não poderia ser facilmente acessada. Ali era onde os pesadelos começaram, quando tudo que poderia fazer era sentir as lágrimas escorrerem pelo rosto toda vez que sequer pensava no antes do Acampamento Meio-Sangue. Ela gostaria de ter tido mais tempo, mas estava novamente na mansão da família, embaixo da mesa que tinha visto o pai morrer. A respiração ficou pesada, o ar tornando-se difícil de entrar, mesmo que ofegasse. Tentava não pensar naquele momento, na falta que o pai fazia, já que, antes de ser reclamada e finalmente ser curada dos traumas, tudo que sentia era uma saudades que doía o peito. O luto destruiu Anastasia, a criança que tinha um pouco de chance de ser doce. Quando o genitor morreu, não havia mais nada para ela naquele mundo e, por muito tempo, acreditava que seria melhor desistir do que continuar vivendo.
Não era mais uma criança indefesa, no entanto. Tinha experimentado o mundo e, acima de tudo, lutado para que ganhasse e achasse o seu espaço. Os olhos não enchiam-se mais de lágrimas como antigamente e não havia mais um constante pesar nos ombros que impediam de prosseguir. Estava saindo debaixo daquele lugar quando sentiu o cheiro de sangue, repulsivo como lembrava. As mãos começaram a tremer inconscientemente e fechou os olhos com força, voltando-se ao lugar onde estava. Conseguia sentir a perna ficando molhada com o líquido vermelho, mas se recusava a encarar aquilo. Sabia a cena que encontraria: o corpo do pai, os olhos gentis e, ao mesmo tempo, aterrorizados com o fim que estava tendo, mas com um sorriso ao perceber que a filha não sairia do esconderijo e, assim, ficaria bem. Camada por camada, de indiferença para raiva para deboche, blindava-se da capacidade de expressar o que sentia e desenvolver vínculos afetivos com qualquer um. Era uma armadura que impedia que amasse e permitisse ser amada. Mesmo que os pesadelos jamais tivessem indo embora, encontrou forças na própria dor para que conseguissem seguir em frente minimamente. O que a assustava de vez em quando era perceber como esquecia aos poucos o tom exato do azul dos olhos do pai, assim como onde estavam as covinhas que tanto invejou e queria ter herdado. Não queria esquecê-lo e, por mais que tivesse uma foto ou outra, as lentes jamais capturavam corretamente o que ansiava saber. Ela não queria que a vida com o pai se tornasse apenas um fragmento.
— Nastya? Estamos aqui. — Escutou a voz de Maxime, o que fez com que abrisse os olhos novamente. A mesa tinha desaparecido, mesmo que continuassem na mansão. Não havia mais sangue, o que era estranho. Talvez tivesse imaginado aquilo. Como que tinha parado ali, de qualquer forma?
Um sorriso apareceu nos lábios dela, naturalmente feliz em encontrá-lo novamente, já que tinha sido uma das principais pessoas a fazer com que passasse pela sua fase nebulosa. Os olhos escaparam para as pessoas atrás dele, observando Bellami e Christopher, e ficou um pouco confusa do porquê todos estavam em sua antiga casa. Um carinho imediato invadiu o coração dela, já que aquela era sua família. Depois de tudo que tinha acontecido no passado, tinha achado novamente pessoas que poderia chamar daquela forma e que nutria um amor incondicional. Faria qualquer coisa por eles, independente do que fosse e sem nenhuma hesitação. Aceitou a mão estendida do conselheiro, pronta para ir embora do lugar que trazia memórias mistas em sentimentos. Queria chorar para ele e contar de como os pesadelos tinham sido desencadeados. Estava pronta para falar para todos irem embora juntos, a boca abriu, mas o som que foi escutado não era de sua voz.
Escutou o som que perseguia os pensamentos bloqueados, um grito que fazia com que acordasse quase todas as noites com um solavanco. Ele pareceu preencher cada canto da sala de estar e sabia que não tinha por onde escaparem.
Não era mais fraca, não tinha mais medo. Puxou a espada sem nenhuma hesitação. Pensava no pai e que, se tivesse a mesma habilidade que tinha atualmente, nada de ruim teria acontecido. Ela era boa. Ela era a melhor. Ainda sim, havia uma pequena parte de si que fazia com que o coração batesse aceleradamente e sentisse o interior chocalhar com uma ansiedade iminente. Segurou a espada mais forte, apontando em direção que o grito vinha.
— Podem ficar tranquilos. Sou incrível, acabo com ela em questão de segundos. Se quiser sentarem e observarem o show. — A voz saiu de forma bem-humorada e confiante, repleta da arrogância que, quem convivia com Anastasia, sabia que poderia facilmente enganá-la em um momento importante.
Tinha desenvolvido aquela personalidade depois de anos acreditando que não merecia nada do que tinha, já que havia perdido o que importava. Havia permitido que perdesse. Precisava não sentir como se fosse um eterno peso e, quando não teve mais aquele sentimento, uma nova filha de Afrodite foi colocada em seu lugar. Confiante, cheia de si, arrogante. Várias formas de encarar o mesmo objeto de estudo.
A harpia, no entanto, desprezava a peça de ouro imperial que Anastasia apontava para ela. Parecia simplesmente ignorar a presença da semideusa, os olhos presos nos irmãos. Tentou chamar a atenção dela com um grito, mas não foi o suficiente. Cansada daquilo, o corpo preparou-se para um ataque, então... Nada. Os irmãos pareciam despreocupados, já que a Bragança tinha prometido que protegeria eles. Por que deveriam se preparar para uma batalha no qual ninguém havia os chamado? Tentou mais uma vez, mais outra, porém as pernas pareciam imóveis, como se tivessem coladas no chão. Queria correr em direção a ela e mostrar o quanto era capaz de proteger as pessoas que amava, mas perdia as esperanças aos poucos. Quando a harpia finalmente levantou voo, os olhos claros arregalaram-se no mais profundo desespero e, antes que pudesse pedir para que se preparassem ou corressem, o monstro avançou neles impiedosamente.
Não duraram segundos e tudo que pode fazer foi observar. Os braços pararam de se mover, assim como as pernas. Tudo parecia rígido, mesmo que os olhos se movimentassem de um lado para outro, sendo obrigada a assistir aquilo. Assim que tudo acabou, a harpia pareceu decidir que já estava satisfeita e voou para longe. Nos rostos dos irmãos, a expressão acusatória e traída permanecia, já que tinha pensado mais em si do que neles. Como tinha permitido que não ajudassem? Como poderia não tê-los protegido? Novamente, estava sozinha, sem família. Caiu de joelhos, as lágrimas invadindo os olhos como não acontecia fazia muito tempo. A família que tanto amava, que tanto tinha construído, não restava mais ninguém.
Estavam todos mortos e era culpa de Anastasia.
Ela era fraca.
Fraca.
Fraca.
semideuses citados : @maximeloi && @thxbellamour && @christiebae
@silencehq
# ʚ♡ɞ STARTER para @maximeloi em chalé de afrodite .
Não era uma pessoa que expressava-se facilmente, principalmente porque acreditava que existia essa fachada que deveria manter: a Anastasia irreverente e durona. Tinham a subestimado, inclusive ela mesma, desde que tinha sido reclamada filha de Afrodite e, por conta disso, demorou até que conquistasse o cargo que almejava. Haviam poucas pessoas para quais se abria e os irmãos eram uma delas. Bateu duas vezes na porta do irmão e, quando não obteve resposta, não hesitou em abrir a porta. Se não pudesse entrar, ele responderia, certo? Desde que vivenciaram os seus piores medos, Maxime estava... Sumido. Não que pudesse culpá-lo, já que ela mesma começou a dedicar-se quase exclusivamente no treinamento com a espada e a corrente, acreditando que poderia aliviar os próprios pensamentos com suor, assim como faziam os filhos de Ares. No entanto, não funcionava muito bem para si, já que ficar em silêncio fazia com que ficasse ainda pior. "Ei, quer conversar?" As palavras saíram baixas, deitando-se ao lado do irmão sem hesitação. Não tinha problema em demonstrar afeto e carinho por ele, já que, mesmo sendo competitivos, sempre estiveram um ao lado do outro. A mão dela foi até as madeixas dele, acariciando como uma forma de garantir que Max entendesse que, independente do que acontecesse, Anastasia estava ali por ele. O irmão era uma das pessoas que mais amava no mundo inteiro. "Porque acho que ambos estamos precisando."
@silencehq
# ʚ♡ɞ STARTER para @mcronnie em chalé de hera .
O chalé de Hera costumava ser vazio, principalmente porque as devotas não eram numerosas. Tinha buscado por Ronnie pelo acampamento inteiro, sabendo que provavelmente não estava em seu melhor estado. Sabia que tinha que dar algum espaço para a semideusa processar o que tinha acontecido, ainda mais a genitora alheia sendo a fonte de todo o caos que acontecia da porta para fora, mas ansiava saber o que se passava na cabeça alheia e se precisava de qualquer coisa. Assim que passou pelas portas, tentou controlar as batidas do coração aceleradas contra o peito, mas parecia que não era algo que era capaz. Os fios loiros não foram difíceis de achar, tão disruptivos dos demais. "Ei, eu estava te procurando, mas parecia que estava fugindo de mim." A brincadeira saiu de forma natural dos lábios dela, mesmo que houvesse preocupação no olhar. Sabia que a situação piorara bastante para os filhos de Hécate e, mesmo que fosse uma devota, Veronica não poderia negar as origens. Os olhos claros de Anastasia procuraram pelos de Ronnie, desejando saber um pouco mais do que não foi dito ainda. Por um momento, pensou em usar o poder, apenas para aliviar qualquer sofrimento que pudesse estar sentindo. "Fiz alguns muffins para você." Levantou a cesta, que continha alguns bolinhos de morango que tinha preparado. Obviamente não estavam perfeitos, principalmente pela falta de habilidade na cozinha, mas sabia que pelo menos um ou outro não tinha o fundo queimado, o que já era uma grande vitória para a filha de Afrodite.
Mesmo que culpasse Hécate pelo que tinha acontecido, não desejava culpar nenhum filho dela, independente de como sentia-se a respeito deles. Sabia que ninguém tinha culpa pelas ações dos pais, mas sabia que vários campistas nutriam opiniões controversas quanto aquilo. "Você deveria comer um. Estão quase bons." Ainda sim, a fala dela foi carregada de gentileza e carinho. Anastasia não sabia expressar os sentimentos muito bem, o que era irônico para uma filha de Afrodite. Sempre se questionava se era por isso que Veronica, mesmo que respondesse aos flertes e investidas de Anastasia, não parecia interessada ao mesmo tempo. "Estava trazendo algumas rosas do nosso chalé para te alegrar também, mas aí lembrei que prefere cravos. Infelizmente, não consegui achá-los por aqui." Com os ânimos tão aflorados, muito menos ansiava em roubá-los do chalé de Perséfone, acreditando que poderia ser visto como desrespeitoso de alguma forma. Colocou a cesta sobre uma pequena mesa ali no cômodo, pegando a mão dela. "Como você está depois do que aconteceu?"
@silencehq
# ʚ♡ɞ STARTER para @thxbellamour em chalé de afrodite .
"Ei, Trice..." Não sabia como Bellami estava depois de todos os acontecimentos que desencadearam nos últimos tempos. Confessava que tinha sido uma irmã ruim, negligenciando os anseios dos irmãos e colocando as vontades acima de qualquer coisa. Não teve tempo para conversar com eles, mesmo que tivesse se certificado que estavam bem. Tinha passado os últimos dias tão focada no treinamento e, com a aparição de Hécate, sentia como se estivesse em um constante esgotamento. Aproximou-se dela, sentando-se ao lado do sofá que tinham na área comum do chalé. Aparentemente, quase nenhum irmão queria ficar enclausurado, então a maioria aproveitava o dia, o que deixava ela e Bellami sozinhas para que pudessem conversar. "Como você está indo?"
# ʚ♡ɞ STARTER para @zmarylou em chalé de afrodite .
Assim que Mary veio pedir o favor a Anastasia, ela soube que não poderia negar. Como uma apaixonada por moda, sabia adaptar-se a diferentes ocasiões com looks que combinavam perfeitamente. Depois do que tinha acontecido, acreditou que precisava de um tempo para clarear a mente e distrair-se um pouco do caos que estava acontecendo para o lado de fora da sua porta. Não queria sentir como se os sentimentos estivessem presos na garganta, incapazes de saírem. "O que você está procurando no seu novo guarda-roupa exatamente? Tenho várias opções." Tinha aberto uma garrafa de vinho rosé e alguns aperitivos para que aquele momento fosse um pouco mais prazeroso para Mary, já que era uma grande decisão uma mudança. Não sabia de onde tinha vindo essa radicalização, mas Anastasia aprovava prontamente. "Talvez algo mais boho? Acho que combinaria por conta do seu cabelo." Pegou algumas opções do guarda-roupa gigante que mantinha em seu quarto, virando-se para mostrar para a filha de Zeus.
"Talvez tenha servido para não abaixarmos nossa guarda novamente. Nunca sabemos quando mais algo pode acontecer. Fomos tolos em pensar que teríamos um descanso e poderíamos ser algo além de guerreiros imbatíveis." Um sorriso de brincadeira pendeu nos lábios dela, seguido por uma careta, uma vez que o movimento de mudança de expressão fez com que um hematoma em seu rosto puxasse. Deuses, só queria que melhorasse para que pudesse ser ela novamente, destruindo bonecos de luta e treinando campistas mais novos. O cansaço batia cada vez mais forte e sentia-se mais grogue com a quantidade de ambrosia que tinham dado a ela devido à gravidade dos ferimentos. "Eu sou muito legal, para sua informação, mas Sasha sempre foi mais doce que eu. Éramos como um sour candy." A mente viajou por um segundo para aquela época em que tudo parecia mais fácil. O primeiro amor não era algo que era esquecido, mas Anastasia sequer desejava aquilo. Aproveitou a juventude amando e sendo amada, o que achava que era ideal, ainda mais para uma filha de Afrodite. Cada relacionamento que tinha seguia uma dinâmica diferente e, com Sasha, as coisas eram calmas. Fáceis. Se não tivesse as inseguranças que rodeiam a cabeça até aquele momento, talvez tivessem algum futuro. Naquela época, tratava Kitty com ainda mais estranheza e não deixava de lançar olhares aterrorizadores para ela, quando era Anastasia que estava com medo. Mesmo que ainda agisse de maneira hostil, tinha aprendido a deixar as sombras de Kitty longe de si, o que tornou a convivência mais fácil sem grunhidos e constante revirada de olhos. Até aquele momento, tinha se limitado a palavras petulantes e revirada de olhos (algo que a semideusa acreditava que não conseguia controlar, se fosse sincera). "Meu problema nunca foi não saber manter um bom relacionamento com você. Se eu quisesse, teria conseguido, mas eu nunca quis." Não havia razão para mentir naquela situação, ainda mais quando estava tão exausta. Odiou Kitty desde o primeiro momento que a viu, porque não controlava os poderes plenamente e sentia os puxões de poeira. Era como sentir os próprios pensamentos sufocados. Apertou os lábios com as palavras alheias, não tendo certeza daquilo. Não desejava ser amiga da filha de Hades, para ser sincera, ainda mais quando havia aquele puxar constante. Quanto mais passasse, mais sufocada talvez se sentisse. Era curiosa, no entanto, e desejava conhecê-la mais. "Não sou uma pessoa de amizades fáceis assim, mas acho que posso tentar não revirar os olhos toda vez que entra em algum lugar." Ofereceu com certa hesitação, já que ainda não tinha se havia algum futuro para elas.
"Eu também não lembro bem. Em um momento estava correndo e no outro, no chão. Poderia ser engraçado se não fosse trágico." Respondeu, mas dando pouca atenção as palavras porque apenas conseguia perceber como Anastasia parecia desconfortável. Kitty podia compreender, porque também odiava a enfermaria. Por um momento se perguntou se Nastya aceitaria ajuda para fugir ou acharia a ideia ridícula; era sempre Kitty a ser resgatada da enfermaria, nunca alguém que ajudava os outros a saírem. "Me importo também porque é você. Aposto que é até uma pessoa legal por baixo dessa casca de..." Sequer sabia como chamar. Desprezo? Não mais achava que era desprezada pela filha de Afrodite. Arrogância? Talvez apenas um pouco. "Acho que você deve ser legal, porque se não fosse, Sasha não teria gostado de você. Prefiro acreditar no bom gosto dele." A menção ao irmão também trazia recordações de quando a loira não havia sido tão legal ou aberta, uma decepção total para Kitty, que sempre estava ansiado por amizades. Ela queria gostar de Anastasia, queria ser próxima, mas depois de um tempo sem total abertura, apenas passou a refletir o que ela parecia emitir, a total indiferença e frieza. Havia machucado um pouco o ego de Kitty, mas fora fácil superar. "Hm, no baile..." colocou uma mão no queixo, fingindo pensar. "Estávamos falando sobre porque você nunca gostou de mim. Sempre achei que filhos de Afrodite fossem bons com relacionamentos interpessoais, mas acho que era apenas uma ideia boba minha." Deu de ombros levemente, forçando um sorriso, temendo levar alguma outra olhada mortal de Anastasia. "Tem como superar isso, se você quiser. Segundo dizem, sou uma ótima amiga. Além disso, não quer descobrir os meus segredos?" Brincou, lembrando de uma conversa ainda no bar. "Posso te contar dos meus esmaltes ou sentimentos, do que quiser. Não sou uma pessoa tão fechada assim, sabe?" Era um convite à amizade, um que Kitty desejava muito que Nastya aceitasse.
Estava despreparada e cansada, fruto dos dias que não foi permitido que instruísse. Mesmo que os anseios permanecessem, o corpo enfaixado e os hematomas impossibilitavam que empunhasse a espada e, agora, também a corrente. Os pensamentos flutuavam em sua cabeça, a noite comandada pela fraqueza a atormentando sempre que ficava em silêncio. Talvez fosse esse um dos motivos que tinha tornado as oferendas mais frequentes, rogando por mais sabedoria e clareza para Atena. Esperava que não cometesse tolices estratégias novamente, principalmente quando tinha certeza que haveria mais combates para frente. Lutaria dia e noite até que estivesse afiada novamente e se tornasse a melhor naquilo. Sequer tinha percebido a presença da semideusa quando escutou as palavras da outra, os pelos do braço eriçando levemente pelo instinto que é trazido pelos reflexos. "Sempre estou com raiva de alguém." Uma risada saiu dos lábios dela, já que, muitas vezes, usava a raiva como motivo de treino. Naquele momento, no entanto, era bem mais complexo do que uma emoção simples como a raiva. Havia bem mais que estava em jogo além de alguém falando mal de si ou de algum desentendimento que tivera. "Mas não é por isso. Acho que, nesse meio tempo que fiquei na enfermaria, desacostumei. Poderia ter sido mais rápida e mais precisa." A espada estava um pouco mais pesada conforme segurava, então a transformou em pulseira novamente. A respiração estava pesada e o corpo coberto de suor, então achou que fazer uma pausa não seria de todo mal. "Mas obrigada pela preocupação. Vou usar esse seu espírito quando precisar brigar realmente com alguém." Um sorriso alargou-se na expressão dela, mantendo uma leveza nas palavras. Não desejava brigar fisicamente com alguém tão cedo. "Quer treinar um pouco? Posso te ajudar."
Encostada na parede, Melis observava de longe como Nastya se portava em seu treinamento. A semideusa até tentava memorizar o que ela estava fazendo para poder reproduzir quando estivesse em seu horário. Provavelmente não iria conseguir fazê-lo com a mesma perfeição, mas talvez até pudesse surpreender seus instrutores. Quando a amiga terminou seu treinamento, Melis esperou até que saísse da arena para poder se aproximar. "Dez de dez, Nastya! Maravilhosa, rainha, divônica, kinga, lendária!" Começou a bater palmas para a amiga, fazendo movimentos engraçados conforme a elogia. "Você acabou com tudo ali!" Parou ao lado dela com um sorriso animado. O que Melis fazia de melhor era apoiar seus amigos e também demonstrar o quanto os admirava. "E fez isso tão rápido! Cheguei quando você estava começando e você já está aqui, perfeita! Depois você precisa me ensinar como..." Parou por um momento e tirou aquele segundo para pensar. Realmente ela havia derrotado todos com muita rapidez. Será que havia perdido alguma coisa importante? "Nastya, você está com raiva de alguém?" No mesmo momento, Melis mudou a postura. O que é que tenha acontecido, a semideusa estaria preparada para ajudar. Anastasia sempre fazia o mesmo por ela. "Quer que eu te defenda? Quem foi? Quem foi? Me diz que eu vou lá fazer barraco! Não tenho medo de falar não!" | @ncstya
Escutou pacientemente a outra dizer como se sentia em relação ao que tinha acontecido. Mesmo que não fosse do seu feitio, compadeceu-se pela dor alheia, ignorando as dores que havia no próprio corpo. Sabia que Yasemin não merecia aquilo, principalmente após ser nomeada realeza. Tinha sido tão abruptamente que nem mesmo Anastasia tivera a oportunidade de absorver tudo que tinha acontecido com ela naquela noite. "Deve ser a perda de sangue, mas logo você estará como nova." A voz dela soou positiva, mesmo que não se sentisse daquela forma. Parecia estar na beira de um precipício, à deriva de um forte vento. Por mais que tentasse segurar na borda, estava cada vez mais prestes a ter uma queda violenta. Não costumava ser uma pessoa pessimista, mas, com os acontecimentos recentes, estava tornando-se aos poucos. Por um tempo, tinha acreditado realmente que poderia ter um final feliz. "Eu fui meio tola e quis bancar a Mulher Maravilha." Uma risada fraca saiu dela, tentando não pensar muito nisso. Sentia que, quanto mais pensava, mais defeitos achava na forma como se comportou. Até mesmo a forma como empunhou a espada estava errada. "Lutei com algumas pelúcias e, bem, quase perdi, por isso estou aqui." A voz foi baixa, carregada de pesar. Quando acordou, ficou aliviada por não ter morrido, ao contrário do que presumira antes de fechar os olhos. Ainda sim, permanecia tão cansada, tão exausta. Tinha certeza que dormiria mais algumas horas.
Yasemin avaliou com calma todos os ferimentos de Anastasia. A cicatriz semelhante a sua no rosto da garota, com a diferença que a sua pegava do olho até a boca. Considerava um charme na garota, mas duvidava que a outra iria pensar o mesmo. A pergunta a fez rir sem humor. Não seria tão ruim assim. Não naquele momento. Se pudesse, trocaria de lugar com Flynn porque a turca se sentia tremendamente cansada e exausta. Não tinha nem forças para falar muito bem, não pela dor em sua cabeça, mas por toda dor emocional que veio a tona com toda aquela situação no baile. ❝ ― Não... ❞ — Sussurrou, levando a mão para o curativo na cabeça. ❝ ― Me sinto um pouco tonta e enjoada, mas a ambrosia ajudou bastante... Creio que se eu for para a praia, a cura será mais rápida. ❞ — Mas ela não iria naquela madrugada, talvez porque sentia que merecia passar por aquilo por alguma razão em seu âmago. ❝ ― Como você se sente? A última vez que te vi, estávamos dividindo batatas fritas. ❞ — Brincou mesmo que sem humor algum, apontando para os ferimentos da garota.
FLASHBACK ! 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐕𝐄𝐍𝐃𝐄𝐓𝐓𝐀 . the chain of punishment .
ven·det·ta
1. : blood feud. 2. : an often prolonged series of retaliatory, vengeful, or hostile acts or exchange of such acts. waged a personal vendetta against those who opposed his nomination.
Odiava chicotes e correntes, principalmente quando tratava-se do manuseio delas no momento da luta. Mesmo que soubesse que, como filha de Afrodite, deveria ter mais aptidão e mais proximidade, havia algo inconstante sobre como era lutar com elas. Ainda sim, queria algo diferente do que já tinha tentado, já que adagas estavam fora de cogitação, uma vez que achava pouco original e adorava algo completamente novo. Com a nova perícia, no entanto, pensou que era o momento perfeito para moldar algo que remetesse mais à mãe. Demorou alguns minutos para que pensasse como ansiava a nova arma, mordendo o lábio suavemente enquanto rabiscava de qualquer jeito em uma folha de papel que tinha disposto no local. Mesmo que não fosse uma grande artista, gostava de pensar que tinha uma grande imaginação. Assim, o desenho ficou pronto rapidamente, um rascunho do que desejava exatamente em uma corrente, que não poderia ser básica.
Com a ajuda de um autômato, começou a produzir a arma que tanto ansiava. Existia algo completamente satisfatório em ver algo que desejava ser produzido diante dos próprios olhos, fruto da imaginação. As mãos dela não eram tão precisas, muito menos habilidosas, principalmente comparando aos filhos de Hefesto, que tinham nascido para isso. De vez em quando, olhava para o lado, contemplando e invejando. Eram artesões tão habilidosos e incríveis que faziam aquilo parecer fácil. Com um pouco de suor na testa, Anastasia podia garantir que era tudo exceto fácil, principalmente quando tomava cuidado para não quebrar nenhuma das unhas perfeitamente decoradas por cima da extensão em gel.
Quando finalmente levantou aquelas correntes, perfeitamente desenhadas e imperfeitas do próprio jeito, um sorriso apareceu nos lábios de Anastasia. Conseguia ver as pequenas rosas, pintadas em rosé gold, por cima do ouro imperial, que adornavam cada uma das belas correntes. Mesmo que parecesse pesada, quando a segurava, era incrivelmente leve e equilibrado, algo que, agora, fazia muito sentido para a semideusa. Era definitivamente uma bela dupla para a Sharp Beauty. Diferentemente das outras correntes que via pelo Acampamento Meio-Sangue, a filha de Afrodite tomou uma decisão ousada: inseriu, no outro extremo, uma kunai. Imaginando um dos símbolos da mãe, o metal era adornado com pequenos círculos brilhantes, pintados a mão com a mesma cor que adornavam as correntes, lembrando muito pérolas. Quando enrolava a arma na mão, no entanto, ativava um pequeno mecanismo, que tinha sido uma ideia de um filhos de Hefesto que sugeriu enquanto passava por ela, uma vez que parecia confusa e desesperada. Com isso, kunai revelava pequenos espinhos de ouro imperial.
Era belo e era mortal na proporção que Anastasia gostava. Antes mesmo de desenhá-la, minutos atrás, já sabia o nome dela. Com um sorriso, sussurrou Love Vendetta.
Um pequeno sorriso apareceu nos lábios dela com a confirmação que ele estava bem. Menos uma pessoa para se preocupar, pelo menos por enquanto. Kerim merecia um pouco de paz, talvez mais do que todos que conhecesse. Sempre sentiu que ele era uma das melhores pessoas que já tinha conhecido. "Eu entendo essa preocupação. Tenho ela também." Um suspiro pesaroso escapou dela. "Ainda mais sendo semideuses, parece que constantemente somos mais alvos da sorte do que qualquer coisa. O dia de amanhã nunca é certo." Era uma das grandes preocupações que circundavam sua cabeça nos últimos tempos. Não sofreu pela morte do outro semideus, mas foi plantada mais uma dúvida que pendia. Tinha esquecido como era temer a ida prematura dos amigos ou até mesmo de si própria. Fazia bastante tempo que sentia que aquele poderia ser o último dia. "Acho que estou precisando, para ser sincera, mas dizem que as propriedades curativas não estão funcionando mais." Quando comentou daquilo com o filho de Apolo que estava cuidando de si, o campista pareceu um pouco nervoso. Parecia saber de algo e revelou que não funcionava fazia bastante tempo. Lembrava-se de nadar no lago quando os ferimentos das espadas alheias eram um pouco mais profundos, o que fazia com que curassem ainda mais rapidamente. A água sempre estava em uma temperatura agradável e era um lugar silencioso, no final das contas. "É um bom passeio, de qualquer forma, então vamos lá. Acho que posso apreciar um pouco da paz." Mesmo que soubesse que deveria ser grata por ser tão bem cuidada, as visitas constantes de amigos e pessoas que se preocupavam com ela tinham tornado tudo mais barulhento que desejava. Mesmo sendo uma grande fã de ambientes movimentados, quando estava constantemente cansada pelo corpo estar absorvendo o impacto que tinha sofrido, a movimentação parecia um pouco excessiva. Começou a caminhar ao lado dele, lentamente devido à perna machucada. "Como você está? De verdade, agora. Não quero escutar um 'estou bem' ou 'estou indo'."
O suspirar de pesar dele foi mais rápido do que o apontar do dedo da mulher ao próprio corpo. Compreendia sua lamentação a condição que estava, afinal, por mais que estivessem cientes de que a noite poderia terminar em desastre, nenhum deles esperava que isso realmente acontecesse, ou que seriam tantos feridos, ou que perderiam alguém. Tantas variáveis que não foram imaginas por ninguém. "Fomos todos pegos de surpresa, não é?", sua fala era retórica e tinha apenas o objetivo de aliviar a situação, se é que seria possível. "Sim, sim. Eu estou bem.", replicou com um riso fraco, quase forçado, moldando-se aos lábios. "Pouco consegue me atingir ao ponto de oferecer algum dano físico.", pelo menos quando ele seguia consciente, quando desmaiava era outra situação, e tinha parte do abdômen e perna queimados para provar isso. Ainda encontraria quem mandou a Quimera atrás de si. "O que mais tem me preocupado é não saber quem foi, se estamos realmente seguros nesse lugar, ou se viramos ratos presos, esperando o experimento acabar.", a sensação era quase essa, de estar ali fazendo hora até que seu dia chegasse e fosse anunciada a necessidade da sua mortalha. Suspirou uma outra vez, o olhar ainda observava com cuidado os machucados alheios, enquanto internamente ele lamentava por cada um deles. Aparentemente não importava o quão bem treinados eles eram, aquela parcela mortal ainda os colocava em risco. "Escapou? Santo Deus.", comentou entre risos, não era a primeira a ter aquele desejo. "Então talvez seja melhor sairmos de um lugar tão exposto, não quero que venham repreendê-la por fugir, sabe? Vou acabar tendo que concordar com eles e isso pode ser péssimo para nossa relação.", completou, lançando uma piscadela divertida na direção dela, esperando que entendesse que estava a brincar. "Me acompanha até a caverna dos deuses? Pode ser bom para sua recuperação.".
Os olhos delas analisavam as palavras dela com o pequeno surto que dava. Realmente Natalia considerava-se tão especial para que precisasse ter um motivo para não gostar dela? Na verdade, considerava entediante a personalidade alheia, não entendendo o que alguns viam nela. Era simplesmente a definição de sem graça, não tendo nada que se destacasse além de ser um dos Filhos da Magia, o que definitivamente tornava tudo mais interessante. Permaneceu inexpressiva conforme a fala da outra tornava-se mais hostil, tentando não sentir-se atacada com aquilo. Estava cansada demais da recuperação e o comportamento da outra era ainda mais irritante naquela situação. Colocou a mão na cabeça, pensando que, talvez, se não tivesse passando por tantas situações, Anastasia teria sido um pouco mais racional. "Não tenho uma inimizade com você. Você teria que ser um pouco mais divertida para isso." Soltou um suspiro depois, massageando a própria cabeça. Notou uma leve mudança na personalidade alheia, mas talvez tivesse que provocá-la mais um pouco para descobrir a origem. Por um segundo, questionou se não havia mais algo para Natalia que não soubesse. Havia certa animosidade quanto aos filhos de Circe e Hécate no Acampamento Meio-Sangue e a filha de Afrodite, inicialmente, tinha pensado que não era tão justificado. Flynn possuía os amigos que queriam vingança, aqueles que estavam tristes e, de alguma forma ou outra, culpavam aqueles que tinham desmaiado inesperadamente. Uma leve desconfiança se instaurou na mente de Anastasia, algo que não tinha anteriormente. "Você tem essa sua personalidade de Mary Sue, sonsa para caramba, e ainda espera que eu goste de você? É alguma obrigação? Aqui vai uma dica para você, Nati, você não é tão importante assim." A provocação saiu facilmente dela, com um sorriso ácido que destinava aqueles que não eram merecedores. Para ser sincera, Anastasia queria ver onde era o limite da filha de Hécate, observar qual era o momento que finalmente explodiria. Estava ansiosa para aquilo. Jamais tinha visto a outra se irritar verdadeiramente, o que era o suficiente para que quisesse alguma coisa. Mais que tédio, ela estava curiosa para saber mais a respeito do porquê aquele comportamento tão repentino.
໋ Natalia inspirou lentamente, apertando a mão em volta das flores, os olhos fechando automaticamente enquanto pensava nas razões para se manter calma. O mental já abalado pedia para que ela recuasse. Dar as costas era uma ótima opção, evitar conflitos. Seria bom não dar motivos, pois o alvo que tinha sobre a cabeça já era demasiado grande para atrair mais atenção. Por outro lado, a razão afetada, efeito do cansaço que toda aquela situação contribuía, pedia por uma reação, e a filha de Hécate assumiu aquela opção por puro desgosto. Os olhos se voltaram para a semideusa, esboçando, sem medo algum, a irritação que sentia. Sua primeira ação foi um rolar de olhos, esboçando sua também indiferença. Se havia suplicado antes, fora por empatia, algo que ela não conseguia sentir partindo da filha de Afrodite. Analisando as feições da outra, notou a cicatriz marcada pelo curativo; se não fosse o choque abrupto na conversa, ela tentaria se compadecer com a situação, mas as chances para aquilo esvaíram-se rápido, junto com a paciência. Movendo-se sutilmente para a direção contrária, Natalia jogou as flores em direção ao fogo recém-aceso, mencionando suas preces apenas em mente. "Seu desgosto por mim é uma incógnita." Virou-se para fitá-la mais uma vez, cruzando os braços, assumindo uma postura imperativa. Suas feições cansadas eram de conflito, mas ela se manteria daquela forma por tempo suficiente. Não se deixaria ir por baixo tão facilmente. "Você é assim? Desgosta das pessoas por escolha própria? Em um dia qualquer, você levanta e fala que vai começar uma inimizade por pura diversão? Sua vida é tão tediosa a esse ponto?" Aquela não era a Natalia que comumente reverteria a situação com bom humor e algumas risadas. Ali, prostrada para Anastasia, estava uma que ela mal reconhecia, mas que não repreendia. Talvez, ir ao caminho mais rígido e de poucos amigos não era tão ruim assim. Precisava se proteger de alguma maneira, não dar brechas para expor o quão frágil estava. "Sinceramente," Uma mão foi ao rosto, esfregando os dedos nos dois olhos. Não, não choraria. Derramar lágrimas seria a última das possibilidades. "Vindo de sua atitude sem fundo algum, acho que eu poderia esperar qualquer coisa, não acha? Como você mesma disse, não gosta de mim. Algo de bom vindo de você seria suspeito." Deixou escapar uma risada unida ao descontentamento e sarcasmo. Ainda assim, ela iria ao "x" da questão. "Quais suas razões para não gostar de mim? Eu nunca te fiz nada. Tentei ser amigável, mas," Agora ela massageava as têmporas com força. Havia feito para criar tal desagrado? Era impossível ser odiada por apenas ser quem era. Pelo menos, era o que acreditava. "Mas, você me repeliu no primeiro instante. Sim, há pessoas que não gostam de mim e por motivos que eu mesma dei… Porém, você… O que eu fiz para você?"
Por um momento, teve vontade de rir daquela situação. A própria oferenda estava em mãos quando escutou as palavras alheias, pensando que, mesmo que tivesse sofrendo com as opiniões a respeito dos Filhos da Magia, não ligava nenhum pouco para o sofrimento alheio. "Oh, que coitadinha. Vai chorar?" A voz dela saiu com sarcasmo, revirando-se na órbita. Não sabia exatamente o que era, mas, desde que tinha colocado os olhos em Natalia, tinha a odiado. Havia algo inerte naquela personalidade gentil e, na opinião de Anastasia, burra, que fazia com que trouxesse o pior comportamento possível da filha de Afrodite. Era bem diferente do que trazia para Kitty, que tratava com mais indiferença do que grosseria. Não poupava o sarcasmo em direção a outra, já cansada daquela conversa que sequer tinha começado. "Você acha que sou preconceituosa nesse nível?" Os olhos dela foram como estacas de gelo em direção a ela, repletas de uma frieza destinada apenas aqueles que Anastasia nutria certo desprezo. Sabia que a raiva era injustificada, mas aquele sentimento continuava pungente dentro de si, algo que não conseguia se livrar tão facilmente. Um suspiro escapou dela, conforme analisava a outra dos pés à cabeça lentamente. Sinceramente, sentia até mesmo um pouco de pena da outra achar que realmente se importava com Flynn a ponto de acusá-la de matar alguém. É claro que tinha sido uma grande perda, mas tinha mais o que pensar e achava mais preocupante do que triste a morte do campista. Não ficaria sofrendo por alguém que sequer conhecia tão bem. "Vamos deixar uma coisa bem clara aqui: meu desgosto por você não tem nenhuma relação com qualquer status ou cargo que você carrega aqui." Podia ser várias coisas, mas preconceituosa não estava entre essas características e recusava-se que até mesmo a filha de Hécate tivesse essa impressão dela. "Por que você só não manda essa galera que está te acusando isso se fuder, se está te incomodando tanto?" Era o que faria. Desde que recebeu a cicatriz no rosto, tem recebido olhares curiosos e muitos reprovadores, como se tivesse feito algo errado além de proteger os outros campistas. Para esses, Anastasia retornava com uma expressão de morte, que com certeza era o suficiente para lembrá-los que não se mexia com a filha de Afrodite. Mesmo que tivesse um rosto belo (o que duvidava, naquele momento), era uma pessoa que poderia se tornar perigosa caso pisassem em algum calo dela.
"you don't see anything. nothing's happening. just go about your business."
local de oferendas com @ncstya ,
໋ "Se veio até aqui para desferir acusações ou teorias, por favor, dê meia volta." O tom de voz calmo e ensaiado, enquanto ela se mantinha rígida, sem se dar ao trabalho de reconhecer quem quer que fosse. Os olhos fixos na fogueira apagada, enquanto em mãos trazia um pequeno buquê de flores que mais cedo havia encontrado em uma clareira bosque adentro. Não era costume realizar oferendas, mas tomada pelo sentimento de insatisfação, Natalia viu necessidade para tal ato. Talvez, a mãe surgisse e explicasse os significados dos pesadelos. Talvez. "Você não me viu aqui, nada está acontecendo. Por favor…" Sem Aidan em seu encalço, ela se tornava um alvo exposto. Era ruim entregar-se à dependência, mas não negava que a presença do amigo lhe evitava estresse — com ele por perto, nenhum semideus ousava chegar perto. "Eu sei o que andam falando por aí, sei que acusam a todos que praticam magia," suspirou, levando a mão livre para o rosto, esfregando a ponta dos dedos contra a testa. "Mas não é sensato também acusar sem prova alguma. Eu estou cansada de ouvir que eu sou suspeita de ter matado um dos meus melhores amigos…" Ao olhar para o lado, Natalia reconheceu o rosto harmonioso da filha de Afrodite, aliviando a própria expressão enfurecida logo depois. "Se quiser ficar aí, que fique. Só… Não faça essas perguntas. Eu não aguento mais…"
𝐒𝐓𝐄𝐀𝐋 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐎𝐎𝐊 : conheça um pouco mais sobre o estilo && roube o guarda-roupa de anastasia de bragança .
CASUAL . Durante o dia-a-dia, em momentos mais descontraídos, Anastasia opta por utilizar roupas mais românticas que condizem com a sua personalidade. Talvez por influência de Afrodite indiretamente, mas sempre busca utilizar cores claras (mesmo que não precise ser necessariamente, uma vez que gosta mais de utilizar roupas que marquem a cintura) e possui uma grande variedade dentro do guarda-roupa. Opta, quando está calor, por combinações que envolvam mais transparência, combinado com flores. Por viver grande parte da vida no Acampamento Meio-Sangue, não utiliza com frequência saltos altos (para o próprio sofrimento, pois definitivamente gostaria de usar mais), dando preferência para tênis e saltos um pouco mais baixos.
Devido a ser uma instrutora atualmente, é bem frequente vê-la utilizando roupas para esportes que combinem, então conjuntos também fazem parte da sua rotina diária. Por ser uma pessoa metódica e perfeccionista, Anastasia procura organizar o guarda-roupa durante o final de semana, quando também altera as decorações das unhas para combinar com o mood semanal. Mesmo que para a maioria isso seja uma futilidade, isso faz com que a filha de Afrodite sinta-se mais preparada para enfrentar os diversos obstáculos. Também sempre está utilizando um pouco de maquiagem, nem que seja um rímel ou um gloss labial.
DATES && MOMENTOS ESPECIAIS . Nesses momentos, utiliza o completo oposto do dia-a-dia. A maquiagem fica um pouco mais pesada, com olhos marcados com sombras escuras, que destacam ainda mais os olhos azuis dela. Em relação ao guarda-roupa, as roupas ficam com tons mais escuros, optando por cores como roxo, verde-escuro e vermelho. Raramente é vista utilizando preto, porque acredita que não combina tanto assim com a personalidade. As joias que utiliza, em decorrência da herança herdada pelo pai, são de marcas caras, assim como os sapatos que utiliza (dessa vez, são sim de salto alto, porque toda mulher precisa de vez em quando, pelo menos é o que diz). O cabelo, geralmente utilizado em ondas, assume cachos mais definidos, assim como penteados mais elaborados.
"Ah, sim... O famoso questionário. Achei que não teria que responder e que eu era especial." Uma risada descontraída escapou de Anastasia. "Bem, adoro realizar esse tipo de coisa, mesmo que, no final, não vai sair com qual semideus colírio eu combinaria. Quando tinha meus treze anos, era obcecada por ler isso em revistas."
Você consegue conferir a TASK 01 aqui.
As palavras dela fizeram com que, por um momento, absorvesse aquela informação. Talvez a utilizasse futuramente, mesmo que soubesse do envolvimento dele com Kitty e Mary, mas era uma grande fã do caos. A mente foi, por um momento, para as possibilidades, mas logo focou no que estavam fazendo ali. Os sentimentos das pessoas tinham efeitos adversos em Anastasia, que poderia, facilmente, compartilhar deles, se fosse o seu desejo. Assim que a mente conectou, no entanto, percebeu que não seria uma boa coisa compartilhar daquilo, principalmente porque estava cansada de sentir medo, mesmo que o causasse facilmente em Aidan. A expressão permanecia de tédio, mas a mente funcionava para transmitir as informações através da ponte que se formava entre as mentes. Era interessante ver como o outro batalhava contra ela, tentando lidar com os sentimentos. Mesmo que não controlasse fortemente, havia uma resistência do poder dele, que ameaçava sair a qualquer momento. Sabia que o odiava, porém torcia para que fosse capaz de batalhar contra a ânsia de fazer o poder escapar. Não queria mais passar por aquela situação novamente e, mesmo que fosse motivada por motivos egoístas na maioria das situações, esperava que outras pessoas não fossem influenciadas involuntariamente pelo filho de Ares. O medo dele fazia com que arrepios percorressem seu corpo, mas não retirou o laço que tinha formado anteriormente, por mais que ansiasse virar as costas e ir embora. Pensava muito no que poderia fazer, na vulnerabilidade da situação, e se não estava passando por um limite realizando aquilo, principalmente tratando-se de uma instrutora. Sabia que haviam formas mais sutis e não tão extremas de testá-lo, mas estavam desesperados, principalmente algo maior que eles estava acontecendo. Anastasia precisava que todos estivessem em sua melhor condição.
A surpresa dela foi explícita na expressão, ao mesmo tempo que havia um leve orgulho do que tinha feito (não que fosse confessar em voz alta, é claro). "Certo." Umedeceu os lábios antes de permitir que a mais intensa das sensações o invadisse: a raiva. Filhos de Ares, no geral, tinham dificuldade com essa, uma vez que eram conhecidos pelo temperamento explosivo. Por isso, afastou-se ainda mais alguns passos, sentindo aquela rede de informações ser enviada pelo laço mental até a parte do cérebro que processava os sentimentos. O gosto amargo e as bochechas coradas rapidamente invadiram Anastasia, que tentava forçar-se a não quebrar a conexão. Mesmo que o controle dos sentimentos fosse algo fácil para ela, que já tinha consciência plena dos poderes, ainda sim haviam aquelas que demandavam um esforço maior dela. A expressão de tédio foi alterada para uma concentração, evidenciada pelas sobrancelhas que se juntavam. "Me fale se tiver qualquer sinal de descontrole." O aviso veio com certa preocupação na voz.
Deu levemente de ombros com a possibilidade. "Se pedir com educação, talvez." O riso nervoso surgiu em seus lábios. Estava à mercê de qualquer efeito que viesse a emanar da filha de Afrodite e, quebrar a dureza do ambiente daquela forma, não pareceu uma boa ideia. Isso ficou evidente após as palavras dela. Soltou um longo suspiro ao sentir uma estranha confusão emocional cruzando seu peito, como se fosse afetado por um turbilhão de conclusões em um micro segundo. Tomado pelo desejo de concentração, fechou os olhos e relaxou os ombros. Precisava distanciar o emocional de seu corpo, era essa a instrução que havia recebido de Charlie, Quíron e de outros colegas que o acompanhavam naquela reabilitação. Estranhamente, passou a sentir um estranho nó se formando em sua garganta, apertando cada vez mais, esfriando o seu corpo. Quando o tremor atingiu suas pernas, a estrutura de seu corpo balançava levemente com a força da emoção que lhe acometia. Pavor. Tudo que Aidan sentia era mais intenso, sempre foi assim, desde a infância, mas controlado por Nastya parecia ainda mais impactado. Os olhos abriram e se arregalaram. O ambiente parecia assustador, a sensação de que algo iria acontecer, de que algo estava à espreita, de que a escuridão ao canto da sala teria um inimigo guardado. Olhava ao redor de si enquanto o tremor tornava a escalar por seu corpo. As mãos chacoalhavam e produziam o barulho de suas pulseiras se chocando. A filha de Afrodite parecia amedrontadora mesmo com o fino semblante de tranquilidade.
Conseguiu identificar dentro de si o calor que subia em seu peito, o mesmo calor que causava a febre que antecedia a liberação da cólera. Passou a domar aquela sensação através da respiração, harmonizando-a pouco a pouco, levando seus pensamentos para uma zona de conforto dentro de si, repetindo mantras para apaziguar suas emoções. Aos poucos conseguiu conduzir seus pensamentos para a estabilidade dentro do medo, a queimação no peito se esfriando com uma baixa do efeito da intervenção mágica em seu corpo. Finalmente, dentro do medo, encontrou a segurança. "Estou conseguindo. Próxima emoção! Sem pausar!" Exclamou vinculando os olhos aos da semideusa.
she was crying on my shoulder , all I could do was hold her , only made us closer .
w. @kittybt
Ouviu as palavras de Kitty com um misto de gratidão e desconforto. Os ferimentos, espalhados em seu corpo, eram uma consequência da coragem que tivera, impulsionada pela bebida. Estava levemente sonolenta em decorrência da quantidade de poção, o que fazia com que as sombras, mesmo presentes, não incomodassem ela como costumavam fazer. Quase apreciava a presença da outra, independente dos sentimentos conflitantes a respeito dela. Poderia culpá-la quanto quisesse, mas sabia que tinha sido sua escolha entrar na frente dela. Olhou para Kitty com uma expressão cansada, os olhos refletindo uma tristeza que não era apenas física. O corpo parecia cada vez mais pesado, mas um suspiro escapou dela. Talvez precisasse descansar ainda mais em breve. "Eu imagino. Não são todos os dias que somos atingidos por estrelas. Para ser sincera, sequer lembro quando isso aconteceu." A memória andava confusa, o que fazia também com que os filhos de Apolo ficassem ainda mais preocupados com o estado de Anastasia. O corpo permanecia cheio de bandagens, que a faziam ficar parada, algo que odiava. Queria sentir novamente o peso da espada e ensinar os campistas mais novos a empunhá-la mais facilmente. "Por que você se importaria?" Rebateu quase automaticamente, mas permaneceu em silêncio conforme escutava ela falar. Sabia que não era a melhor das pessoas com a outra, permanecendo constantemente em um estado de defensiva perto da semideusa. Talvez fosse aquele o momento de mudar aquilo e tentar entendê-la como não tinha feito anteriormente. E, mesmo que não fosse confessar em voz alta, até mesmo ansiava saber aquilo. Queria saber o porquê aquela mente era encoberta de poeira e sombras, o que tornava ela tão especial que não conseguisse adentrar ainda mais. "Eu... Entendo. De nada." As palavras soaram hesitantes, quase estranhas nos lábios, de uma forma até mesmo nervosa. Não costumava ficar daquele jeito durante conversas, sendo a que causava aquele efeito, mas culpava mais os ferimentos daquela reação, mesmo que soubesse que não era verdade. "Então, do que estávamos falando do baile mesmo antes de todo o caos mesmo?" Tentou puxar nas lembranças, porém eram mais um borrão que formas definidas. A destra, já curada, foi até a testa, coçando suavemente. Lembrava-se que desejava respondê-la do questionamento que tinha feito.
"É difícil." Respondeu, breve e seca, suspirando para tentar conter um soluço que ameaçava irromper pela garganta. Já tinha chorado demais por Flynn e tinha decidido a não derramar mais tantas lágrimas; não durante o dia, pelo menos, enquanto tentava ser uma pessoa funcional. Era conselheira de chalé. Tinha seus treinos para fazer e poções para tomar também, além de cuidar dos irmãos e verificar os amigos. "Doeu. Também foi esquisito. Nunca pensei em ser atingida por uma estrela. Mesmo para os padrões dos semideuses, parece algo estranho." Comentou, pensando que jamais olharia as estrelas de outra forma. Sempre olharia para o céu, temendo que uma estrela caísse em sua cabeça de novo. No entanto, naquele momento estava de dia e Kitty estava na enfermaria, meio sem graça ao lado de Anastasia, sem saber exatamente o que fazer ou como agradecer. "Por que você acha que não me importaria?" Indagou, virando-se para ela, um tanto na defensiva. A visão dos curativos, no entanto, rompia os muros erguidos e a levava novamente ao estágio de vulnerabilidade. "Você foi muito legal comigo. Além disso, me salvou. Você me mandou correr e por causa disso eu pude sair e ajudar outras pessoas. É muito valente. Por isso me importo com você também." Decidiu falar, honesta em suas palavras, sem conseguir olhar diretamente para Anastasia. Por muito tempo tinha apenas repelido a filha de Afrodite, replicando o comportamento que a própria parecia ter. Sempre houve algo estranho no ar, mas até aquele momento, Kitty nunca quis investigar de maneira mais profunda. "Obrigada, Anastasia."
"Não vai mesmo?" A indecisão ainda era uma constante na vida de Anastasia. Tinha se acostumado a ser daquela forma desde que tinha nascido, sem nenhuma imperfeição visível. O máximo que tinha acontecido é ter uma espinha ou outra durante a adolescência, mas nada que impactasse diretamente a sua beleza. Mesmo naquela época, tudo que tinha considerado disruptivo no estado que se encontrava sumia com a magia de Afrodite, que não permitiria qualquer coisa que estragasse o rosto dos seus filhos. Agora, com a mãe sofrendo pelo desastre da festa, não tinha a certeza que ficaria bem. "Não sei, agora está estranhamente silenciosa. Esses dias, uma espinha nasceu em um dos meus irmãos e não sumiu." O tom indicava a preocupação de Anastasia. Não sabia muito bem o que estava acontecendo e o desastre que estava os esperando. Desde aquela noite, tinha uma sensação que coisa ainda pior os aguardava ali para frente. "Esse é diferente. Ele foi mais fundo." Nunca teve ferimentos daquela magnitude anteriormente. Mordeu o lábio inferior, presa nos próprios pensamentos.
Estava lidando com o passar dos dias do modo que dava e aguentava, afinal, foi fácil escolher um lado depois de tudo o que aconteceu, mas não foi nem um pouco simples lidar com os amigos naquele meio. Justo ele, que era sempre tão leal, agora desconfiava de cada passo que davam sobre o acampamento. Nastya foi uma das vitimas mais graves na luta que tiveram e não deixou de visita-la um dia se quer na enfermaria. Sabia que para ela, filha de Afrodite e totalmente ligada a aparência, seria mais complicado lidar com a possibilidade de uma imperfeição em seu corpo, a prova era o modo como ela falava a respeito e ele apenas ouvia. Compadecia daquela dor, era compreensível vê-la com aquele medo e insegurança. – Você sabe que uma cicatriz não vai te deixar feia, né...? – Ela até poderia saber, mas aceitar aquilo já era outra história. – Fora que sua mãe é Afrodite... Duvido que ela deixe seus filhos passarem por esse tormento. Ela com certeza dará um jeitinho nisso! – Tentou ser bem otimista conforme as palavras soaram com sinceridade. – Assim como não ficou sinal onde existia outros machucados, creio que seu rosto continuará o mesmo.
"Você sabe o que quero dizer." Mesmo que ainda nutrissem uma relação amigável, nada se assemelhava ao que tiveram quando eram namorados. Não sabia exatamente o porquê continuavam conversando, principalmente depois do término que tinha sido em decorrência de um achismo de Anastasia que, desde o começo, estava controlando os sentimentos de Raynar por ela. Talvez por nunca se permitir ser verdadeiramente feliz, mas tinha colocado na cabeça, novamente, que os relacionamentos eram uma consequência de como se sentia e não uma forma deliberada que os outros escolhiam se sentir a respeito dela. "Não precisa pedir desculpas, ambos estávamos alcoolizados. Eu não estava no meu melhor estado." Naquela noite, tinha focado em se divertir como se o amanhã não existisse, assim como as responsabilidades. Tinha passado tanto tempo sendo instrutora de espada que, no mínimo sinal de liberdade, tinha se entregado. Uma escolha feita de forma tola, já que sabia que algo poderia acontecer. Não tinha hesitado em proteger os campistas, mas a visão e as decisões foram feitas de forma nada inteligente, o que também impactou em ser intoxicada pelo poder alheio, piorando ainda mais a situação que tinha sido colocado diante deles. Com a movimentação alheia, percebeu, finalmente, a situação que o outro se encontrava. O olhar passeou sem inibição pela pele exposta alheia, lembrando como costumava conhecer cada centímetro. Uma memória de desejo passou em sua cabeça, mas talvez sempre estivesse ali presente, mesmo que adormecida. Era melhor ignorar, de qualquer forma, já que poderia se tornar mais uma dor de cabeça do que algo que poderia lidar. Com os pensamentos efervecendo, pensava que talvez não estivesse sequer em decisões de falar a respeito de qualquer coisa que não envolvesse o que poderia fazer a respeito de ser destruída pelas consequências da sua tolice. O toque fez com que se sentisse um pouco acalentada, pensando que, mesmo com as complicações, Raynar era alguém que a conhecia quase por completo. Sabia o fardo que era para Anastasia carregar ferimentos e, acima de tudo, cicatrizes. O corpo, tão tenso, relaxou levemente e, enfim, pode soltar o ar que sequer sabia que estava prendendo.
A mão dela encontrou a dele, entrelaçando suavemente os dedos e colocando entre eles. Mesmo que não se importasse com o toque, Anastasia não estava pronta para alguém ver o ferimento tão de perto, assim como tocá-lo com tanta intimidade. Independente do que o semideus falasse, continuava achando que estava monstruosa. Como poderia uma filha de Afrodite carregar uma cicatriz? "Você sabe que sempre gostei das suas." A voz saiu mais baixa, já que estava presa dentro dos próprios pensamentos. Será que a mãe falaria algo sobre aquilo? Talvez fosse algum tipo de maldição implícita ao ser incapaz de proteger Flynn, mesmo que sequer soubesse o que estivesse acontecendo. Também tinha destruído o vestido, que acabou com várias perfurações e manchas de sangue. Olhar para a roupa, depois de tudo que tinha acontecido, era mais uma memória trágica do que uma lembrança de algo que gostaria de manter. Os olhos, que antes estavam focados em ponto nenhum, viraram para o filho de Zeus, questionando-se a respeito da verdade nas palavras alheias. Dentre as possibilidades, poderia ser a que estava sendo apenas educado, uma vez que a filha de Afrodite tinha apenas invadido o quarto. De qualquer forma, precisava falar a respeito daquilo e alguém que tinha a conhecia profundamente seria capaz de entender as perturbações que a dilaceravam. Não hesitou novamente ao deitar ao lado dele, segurando a mão alheia. Era mais fácil ficar encarando os dedos e brincando com eles do que encarar o ex-namorado. "E se eu nunca mais for atraente de novo? Talvez nem eu mesma vá me reconhecer mais. Estou evitando me olhar no espelho, porque sinto que, assim que eu o fizer, a verdade vai ser jogada na minha cara." Mordeu o lábio inferior, batalhando contra as lágrimas que poderiam aparecer. "Quando comecei a ser instrutora, sabia que isso poderia acontecer, mas sempre me curei rápido. Agora... Tem algo diferente."
A hesitação aprofundou as expressões severas de seu rosto, que de fechadas ficavam um pouco mais acentuadas. O arrependimento do pedido não vindo quando tinha a maior das certezas de que estava certo. Era o maldito bom senso, ou outra coisa sem nome, que o permitia transitar em sociedade sem ser tão absurdamente alheio de tudo e todos. Raynar torceu os lábios e trincou o maxilar, os músculos proeminentes com o esforço imposto. Aquilo sim era sua culpa. Pesando a mão demais em provocações, navegando sem cuidado na linha cinzenta entre brincadeira e crueldade. “ 🗲 ━━ ◤ Complicadas. ◢ Repetiu devagar. Cada sílaba soando estranha e terminando com aquele tom suave de pergunta. O fim sim tinha sido complicado, mas Hornsby usava do pragmatismo para continuarem seguindo em frente. Pegar a rota menos complicada, de pensar demais sobre coisas que não deveriam ser colocadas sob a lente de um microscópio. “ 🗲 ━━ ◤ Podemos não ser mais namorados, Anastasia, mas eu me importo com você. E... Me desculpe... Pelo baile. Pelo o... O que eu falei. ◢ Em específico aquele momento que a perturbara tanto que anunciou a mágoa. Raynar puxou mais um pouco das cobertas ao redor da cintura, já prevendo que perderia alguns centímetros com o compartilhar da cama com Anastasia. Seus olhos a acompanharam sem piscar, preferindo estreitar ao máximo sem perder um segundo daquela decisão - que parecia ser muito difícil. E ele não estragaria sendo engraçadinho. A proximidade o fez atento, preocupado. Prescrutando cada ponto exposto da semideusa, cada imperfeição provocada pelo ataque. Imperfeição aos olhos dela, claro, porque ele carregava às próprias como marca de vida. De uma vida emprestada para quem não deveria durar muito. “ 🗲 ━━ ◤ Isso significa que sobreviveu, então, sim, eu gosto do que vejo. ◢ A mão pousou no lado da cabeça, os dedos entrando nos cabelos para afastá-los da bochecha machucada. Expondo, colocando em vista. “ 🗲 ━━ ◤ Se alguém considera isso uma falha, Anastasia... Essa pessoa carrega ainda mais, e piores. ◢ Raynar nutria uma aversão a relacionamentos, principalmente os duradouros. Rejeitava os mais efusivos, tolerava os mais calados. Era um raio de sol ambulante e muito simpático, para não dizer o contrário, e... Mesmo assim... Aprendia. No fundo, aprendia uma coisa ou outra sobre empatia. “ 🗲 ━━ ◤ Você não gosta do que vê. E vai querer me calar quando contar sobre as minhas, em todo o meu corpo, menos na cara porque sou alto demais. ◢ Tentou colocar um humor ali, uma gracinha, mas a seriedade ainda pesava em suas palavras. Na expressão que suavizava com preocupação, pura e simples. “ 🗲 ━━ ◤ Me conte, firecracker. Me conte o que vem guardando aí dentro. Por favor. ◢
Inclinou o tronco, ignorando por um momento a existência da cicatriz no rosto. Mesmo que soubesse que permanecesse lá, Anastasia estava fazendo o seu máximo para não pensar a respeito dela. Isso até o olhar do Aidan cair sobre ela, o que fez com que se irritasse ainda mais. Não era uma pessoa desagradável, pelo menos acreditava nisso, mas tinha um temperamento forte, principalmente quando não conseguia o que queria. A garganta fechou por um segundo, pensando que talvez todos pensassem que o rosto dela estava sendo destruído. Assim como o semideus, tinha recebido diversos olhares, mas não atreveu entrar nas mentes para identificar sentimentos. Só as probabilidades já a deixavam enjoada. "Você vai fazer o que eu te pedir, então? Posso ser insistente e me aproveitar disso." Os olhos brilhavam provocativamente, mas Anastasia sabia que não teria coragem de fazer qualquer coisa com alguém que odiasse, como era o caso dele. Depois do baile, quando teve que afastar Kitty para que não visse a ceninha dele, o desgosto tinha apenas aumentado. Não via o apelo em Aidan, sendo apenas mais um homem com small dick energy. "Eu nunca começo pela parte boa, querido." Conectou com a mente dele facilmente, não sentindo nenhuma resistência no laço formado. Através dele, explorou levemente os sentimentos que o atravessavam, por simples curiosidade, mas logo começou a enviar informações. Não sabia exatamente o que ele pensaria, mas pensou nas cores e na sensação de medo, da mais pura forma. Intenso demais, mas não que fizesse com que ele saísse correndo. Era o tipo que te plantava no lugar, sem saber o que fazer ou que não conseguisse pensar muito bem. Observava com atenção as reações alheias.
Todo arrumadinho? Aidan estava destruído. Não dormiu bem nos últimos dias, a barba já estava mais aparente no rosto, não havia sentido fome e tão pouco desejo de fazer seus gracejos por aí. Ainda possuía o aspecto físico que adquiriu no dia do baile, é claro, mas sentia-se um saco de batatas perante o mundo. A voz de Anastacia atraiu sua atenção, um olhar de pesar ao ferimento que se encontrava no rosto da semideusa e que, de forma reduzida, ele também possuía. Soltou um riso, um tanto sem graça, e desviou o olhar. "Gostei da modéstia, cupidinho." Respondeu passando a mão pelo rosto, buscando despertar do sono repentino que o atingia naquele momento. A cicatriz sendo esticada na pele, uma fisgada incômoda. "Todos sabem que eu tenho um probleminha com a sua laia. Não entendo o motivo da sua surpresa." E de fato, a familiaridade de Aidan com os filhos de Afrodite era motivo de piada no chalé cinco, já que era um pedido fluir desyes semideuses que o filho de Ares, mesmo relutante, obedecia como um cão fiel. Características herdadas do pai, talvez, mas que lhe rendeu muitos momentos cômicos pelo acampamento. Consentiu com a cabeça, levantando-se do banco para tornar a se aproximar dela. "Vamos começar pela parte boa ou vamos pela parte péssima de novo?"
Quando percebeu que talvez tivesse cometido um erro, os olhos dela arregalaram suavemente, quase imperceptivelmente. Por um momento, sentiu-se insegura, sem saber ao certo como reagir, algo que não era muito ela. Anastasia frequentemente era vista como confiante, mas, desde o ocorrido, havia algo que a fazia ficar hesitante. Já tinha recebido alguns olhares, quase como pena, e não gostava de ser novamente o passarinho ferido. Tinha abandonado a vitimização excessiva anos atrás, quando decidiu que seria mais que apenas um rosto choroso e bonito. A espada tinha se tornado a melhor amiga, que permitiu que criasse coragem e força para encarar os problemas. Estava ali novamente, no entanto, com o cabelo levemente desgrenhado, as unhas imperfeitas e um vestido básico que não remetia nada a um conjunto perfeitamente pensado que combinava com os acessórios. "As coisas andam complicadas entre nós. Não te culparia se quisesse fizer isso." Desviou o olhar para os pés, como se sentisse vergonha daquilo, mas não era verdade. Desde que terminaram, mais por culpa de Anastasia, tinham adotado uma atitude provocadora e quase agressiva em relação um ao outro, principalmente em decorrência da natureza do relacionamento que tinham. Eles sempre foram um tanto explosivos em relação aos sentimentos, talvez por isso que sempre deram certo. O chamado dele fez com que levantasse o olhar e, novamente, hesitou sem saber o que deveria fazer. Estava até mesmo assustada com a possibilidade, olhando para trás e pensando se estava maluca em pensar em aceitá-la de verdade. Talvez pudesse simplesmente ir embora correndo, como uma adolescente surtando. Antes que pudesse perceber o que estava fazendo, os pés movimentaram-se em direção à cama, sentando-se com as pernas cruzadas e deixando o tênis ao lado. O corpo permanecia rígido, como se não ousasse chegar um centímetro mais perto dele. "Então, gosta do que vê?" Mesmo que tivesse tom de provocação, o corpo expressava o desconforto que era estar ali, tão perto. No baile, pelo menos, estava alcoolizada, o que facilitava um pouco.
Embaixo dos cobertores, Raynar Hornsby virava de um lado para o outro. O sono incapaz de alcançar a velocidade imposta por seus pensamentos, que pulavam de uma conjetura a outra. Um traidor da magia, começava sem grandes esperanças. Os rostos dos filhos de Hécate deslizando em frente, um por um, brilhando nos contornos. Tabelas de prós e contra, possíveis motivos, grau de periculosidade. Virava. Sentia os olhos pesando e voltava, piscando ativos na eletricidade baixinha ao redor do corpo. Raynar ficou sentado no milésimo de segundo seguido do bater na porta, a mão se fechando ao redor do cabo de sua lança de dois gumes. “ 🗲 ━━ ◤ Ah, olá para você também. ◢ A estranheza da interrupção abriu espaço para a familiaridade da cena. Se bem que, talvez um pouquinho diferente. Ela deveria estar de costas para isso, no sentido claro de sair do quarto em que tinha passado a noite. O filho de Zeus captou a incongruência naquela personalidade, a audição prestando mais atenção no que não era dito. “ 🗲 ━━ ◤ Como se eu fosse capaz de fazer uma coisa dessas. ◢ Ninguém tinha culpa de ser semideus, assim como não mereciam morrer em ataques daquele tipo. Mas era Anastasia. A mesma que tinha deixado entrar onde pouquíssimos conseguiam chegar. “ 🗲 ━━ ◤ Anastasia. ◢ O chamado veio com o mesmo tom alheio, baixo e rouco, o queixo indicando o espaço que ele abria perto de si na cama. Raynar puxou o cobertor mais para a cintura, cobrindo o inevitável estado que estava por baixo - de pouquíssima roupa. “ 🗲 ━━ ◤ Venha aqui. Deixe-me ver. ◢ Porque ele sabia... Ele sabia o que aquele corte significava para ela.
"Não sei em quanto tempo poderei voltar. Achei que já estaria bem nesse ponto, mas..." Apontou para o corpo, como se estivesse querendo reforçar o que estava dizendo. Pelo menos não estava mais furada. A memória continuava confusa, mal lembrando o que tinha acontecido consigo. Haviam apenas fragmentos desconexos: uma pelúcia com a lâmina em sua direção, gritos, um cheiro forte. Não sabia como se conectavam, o que a deixava nervosa, de certa forma. Não queria ficar bancando a coitada, no entanto, já que não era do seu feitio. As dores estavam controladas, assim como as cicatrizes estavam sendo tratadas devidamente, mesmo que não fossem muitas. Os curativos ainda adornavam grande parte do corpo, o que a deixava esperançosa de uma recuperação boa. "Mas vejo que você está bem, isso que importa." A mão dela segurou o dele, apertando com suavidade. Estava terrível, sabia disso, principalmente com a pele salpicada por roxos e machucados, mas ficava aliviada em saber que nem todos tiveram o mesmo destino de tolos que nem Anastasia. "Quero dizer, acho que está bem." Antes de todo o caos, lembrava-se de ter passado uma pequena parte da noite com Kerim, algo que apreciou demais. Havia algo sobre ele que deixava ela um pouco mais calma, um sentimento diferente do que estava acostumada. Os olhos procuraram qualquer ferimento nele, buscando na pele exposta dele. "Você está, certo?" Voltou os olhos azuis aos dele, preocupados com a situação alheia. "Desculpe não ter vindo mais cedo, de qualquer forma. Fiquei presa esse tempo todo na enfermaria. Consegui escapar porque estava enlouquecendo." Colocou uma mecha atrás da orelha de maneira preocupada e nervosa. Não sabia quanto tempo teria que ficar retornando lá, uma vez que os filhos de Apolo pareciam preocupados até mesmo com a cabeça dela e a quantidade de sangue que havia perdido naquela noite. Aparentemente, lutar alcoolizado não era uma decisão muito esperta.
Kerim parecia cego. Depois dos acontecimentos da noite anterior, a única coisa que passava na sua mente, era que precisavam se preparar. Para o que? Nem ele mesmo sabia, mas treinar sempre foi sua resposta para tudo, então não era difícil imaginar onde ele estaria naquela hora do dia. O irmão seguia deprimido no quarto, os amigos machucados, os campistas em desespero. E ele, tentava passar uma imagem firme, de quem tinha tudo sob controle, enquanto se despedaça por dentro sempre que vê um deles machucado. Não foi diferente no momento em que seu olhar encontrou Anastasia mais a frente. Anunciou o fim do treino sem cerimonias, marchando em direção a mais nova. Nem mesmo seu sorriso conseguiu diminuir a preocupação que enchia o peito de Boz naquele instante. "Não tem ideia do quanto.", comentou com pouco humor, mas bastante sinceridade. A destra se ergueu, buscando tocar o rosto alheio, mas no momento que percebeu que isso poderia ser atrevido de sua parte, ele parou no ar, repousando-a sobre o ombro da mais nova. "Você sabe que não. Sou muito mole, e eles sentem falta da instrutora mais exigente que tiveram.".